20171127 morte no nilo papo de cinema

Após o sucesso de público e crítica de Assassinato no Expresso Oriente, a onda de adaptações das obras de Agatha Christie cresceu aos olhos dos executivos de Hollywood, especialmente nas tramas estreladas pelo detetive belga Hercule Poirot, o personagem mais conhecido e amado da escritora britânica, já que Albert Finney foi indicado ao Oscar por interpretar o papel. Porém, Finney não continuou e, em seu lugar, entrou Peter Ustinov. Sua primeira incursão foi neste título que, ironicamente, traz uma trama parecida com a do sucesso de 1974. Aqui, Poirot está de férias no Egito e acaba confrontado por um assassinato que envolve casos amorosos de ex-namorados e atuais companheiros. Com nomes como Bette Davis, Mia Farrow, Angela Lansbury e Maggie Smith (estas duas, inclusive, indicadas ao BAFTA ao lado de Ustinov), a produção não fez tanto sucesso como sua antecessora, ainda que tenha levado pra casa a estatueta de Melhor Figurino no Oscar de 1979. Não por ser um filme ruim, mas talvez por ser um exemplar “mais do mesmo”, muito melhor ancorado pelo competente elenco do que pela direção sem personalidade de John Guillermin, responsável por Inferno na Torre (1974) e a então recente adaptação de King Kong (1976), com Jessica Lange. Ainda que não seja o melhor título adaptado dos livros de Miss Agatha, conseguiu redefinir a carreira de Ustinov, que reprisaria seis vezes o papel do excêntrico Poirot nas telonas e na TV, e diverte acima da média. Afinal, um whodunit de Christie é melhor que a reunião de quaisquer dez suspenses policiais meia boca que vemos por aí.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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