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Top 10 :: Ano Novo

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Ah, as festas de fim de ano. Promessas de uma nova vida, de cortar gastos, conseguir um novo emprego, um grande amor, lagar o cigarro, comer menos, malhar mais… Todos os clichês verdadeiros e possíveis estão presentes não só na vida real como também na ficção. Com a chegada de mais um Reveillon, a equipe do Papo de Cinema resolveu selecionar dez filmes que se passam durante essa data. Ou, ao menos, tem o dia 31 de dezembro como pano de fundo. Confira os títulos escolhidos e responda: qual destes parece mais com a sua noite da virada?

 

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950)
Há poucas comemorações de Ano Novo tão melancólicas quanto a vista neste que é um dos melhores filmes de Billy Wilder. Norma Desmond (Gloria Swanson), a atriz decadente encerrada na casa suntuosa e na insanidade, prepara uma grande festa de réveillon, contando com a presença de antigos colegas, com a frequência de atores, diretores e técnicos hollywoodianos. Alheia ao próprio ostracismo em virtude de seu estado mental, ela aguarda ao lado do roteirista Joe Gills (William Holden), ele que ali está para fugir de credores, a companhia de famosos que nunca chegam. Esta ausência ressalta a melancólica situação de Desmond, a extrema solidão na qual essa antes proeminente estrela do cinema mudo se encontra. Triste para uma atriz, de ego inflado anos a fio por admiradores, levada a considerar-se imprescindível aos demais, não ter com quem brindar a chegada de um novo ano, além daquele a quem praticamente coage ficar. Wilder utiliza o festejo do réveillon, geralmente sinônimo de renovação das esperanças, para amplificar um sentimento de extremo desamparo e miséria humana. – por Marcelo Müller

 

Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment, 1960)
Neste clássico dirigido por Billy Wilder, é em meio à comemoração do réveillon que os protagonistas Fran Kubelik (Shirley MacLaine) e C.C. Baxter (Jack Lemmon) se aproximam definitivamente. Ele não está na festa da empresa, pois chora sozinho em seu apartamento a mágoa de perdê-la para Jeff Sheldrake (Fred MacMurray), o chefe recém-divorciado com quem ela mantinha até então um caso às escondidas. Mas, durante os festejos, ela percebe o quanto gosta de Baxter, decidindo por fim largar a companhia dos colegas para correr atrás do verdadeiro amor. Tudo parece caminhar para um final feliz, afinal de contas o casal pelo qual torcemos finalmente ficará junto. Contudo, próxima do apartamento dele, ela ouve um estampido. Sabendo de antemão que Baxter tinha uma arma, Fran (e nós) pensa logo no pior, intui que, levado pela tristeza de não tê-la, ele deu cabo da própria vida. A corrida torna-se desesperadora, até que, ao abrir a porta, ela se depara com ele e sua champanhe recém-aberta, ou seja, fomos enganados por um brilhante uso do som, que confunde fatalidade e celebração. Assim, os personagens de MacLaine e Lemmon, enfim, comemoram finalmente juntos a chegada do Ano Novo. – por Marcelo Müller

 

Rocky: Um Lutador (Rocky, 1976)
Ora, este título precisa de apresentações? Afinal, quem não conhece a história deste boxeador, considerado de segunda linha, que recebe a grande oportunidade de sua vida: enfrentar o grande campeão americano, Apollo Creed, em plena noite do dia 31 de dezembro? A escolha da data é mais do que apropriada, pois simboliza, assim como a virada do ano, uma reviravolta na vida e na carreira do personagem vivido por um inspirado Sylvester Stallone. Autor do roteiro deste longa que venceu o Oscar de Melhor Filme, o ator/produtor esmiúça o dia-a-dia de seu personagem-título, mostrando desde a humildade quanto às suas colocação e inteligência menosprezadas como a oportunidade que surge para que o próprio tenha foco em sua luta. Muitos anos antes da volta por cima dos ringues em filmes e programas de televisão (afinal, MMA é a moda atual), mostrou que longas do gênero podem – e devem – ser tratados com seriedade. Afinal, a brutalidade não está apenas no esporte em si, mas na trajetória de todos que seguem seus passos. – por Matheus Bonez

 

Harry & Sally: Feitos um para o Outro (When Harry Met Sally…, 1989)
A comédia romântica é um subgênero tão preso a clichês e fórmulas que é raro ver alguém conseguir subverter isso e criar uma história que soe nova e interessante para o público. Mas é o que acontece neste filme que Rob Reiner dirigiu a partir de um roteiro de Nora Ephron, em 1989. Acompanhando os personagens-título (vividos por Meg Ryan e Billy Crystal) ao longo de vários anos, com eles se encontrando ocasionalmente até formarem uma bela amizade, o filme questiona se seria possível um homem e uma mulher terem um relacionamento que fique mesmo só na amizade e não envolva sexo. O que se segue é uma história divertida (como esquecer a cena na qual Sally finge um orgasmo em um restaurante?), desenvolvida com cuidado pelo roteiro e tratada com sensibilidade por Reiner, além de ter em Ryan e Crystal protagonistas que não poderiam ser mais carismáticos. E falando no tema deste Top, vale ressaltar que a cena que se passa no réveillon e mostra os protagonistas se acertando e declarando o quanto se amam é particularmente tocante, sendo a prova definitiva do carinho que esta adorável comédia romântica faz o espectador criar pelos personagens durante a projeção. – por Thomás Boeira

 

Grande Hotel (Four Rooms, 1995)
Tendo como figura de ligação o camareiro Ted (Tim Roth), Grande Hotel conta quatro histórias que se passam num hotel nas vésperas do ano novo. Cada um dos segmentos ganhou a direção de um cineasta e, embora seja notável o esforço dos demais em criar pequenos contos interessantes – que o são pela sua natureza sempre inusitada – é mesmo o derradeiro ato do filme que merece os aplausos, trazendo um pequeno conto escrito, dirigido e estrelado por Quentin Tarantino – como de praxe. De um ritual de bruxas que traz a própria Madonna como uma delas até uma estranha fantasia de um casal em que Ted é acidentalmente obrigado a participar, os “quatro quartos” do título original ganham a direção respectivamente de Allison Anders, Alexandre Rockwell, Robert Rodriguez – sempre tentando emular seu amigo, o já citado aqui, Tarantino. Embora divertidos e repleto de participações especiais, alguns podem achar maçante o caminho de chegar até o desfecho conduzido pelo famoso cineasta, mas mesmo estes devem reconhecer que a historinha envolvendo uma aposta absurda derivada dos típicos diálogos do diretor e roteirista salva todo o projeto de qualquer maneira. – por Yuri Correa 

 

O Primeiro Dia (1998)
Enquanto ainda desfrutava do sucesso acapachante de Central do Brasil (1998), lançado no início do mesmo ano, o cineasta brasileiro Walter Salles arranjou tempo para se reunir mais uma vez com sua antiga parceira Daniela Thomas – com quem havia feito o intenso Terra Estrangeira (1996) – para, juntos, realizarem este que longa concebido inicialmente para fazer parte da série “2000 Visto Por…”, criada pela televisão francesa Art e pela produtora Haut et Court. A ideia era reunir dez diferentes visões da virada do milênio, cada uma de um país distinto. Salles e Thomas realizaram o curta Meia-Noite, e foi a partir deste, adicionando cenas deletadas e reeditando o material, que este filme nasceu, um longa que acabou passando quase desapercebido e hoje é uma pérola que merece ser redescoberta. Estamos na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, cenário que milhares de pessoas costumam escolher, todos os anos, para depositarem suas esperanças por um ano melhor e festejarem o final daquele que está terminando. Será ali, também, que a depressiva Maria (Fernanda Torres) e o fugitivo da prisão João (Luiz Carlos Vasconcelos) irão se encontrar, no dia 31 de dezembro de 1999, num ponto sem retorno em que tudo poderá mudar. Afinal, como um deles mesmo afirma em cena, “se há um dia para se decidir algo na vida, esse dia é hoje”! – por Robledo Milani

 

200 Cigarros (200 Cigarettes, 1999)
Há poucos filmes que realmente tem o Ano Novo como tema central. É só olhar nossa lista para ver que as festas de réveillon são apenas utilizadas como pano de fundo para comédias, dramas e afins. Por isso que um longa tão pequeno e ignorado como este acaba ganhando tanto destaque num Top como este. É claro que se passar no dia 31 de dezembro não é o único predicado do filme. A trajetória dos diversos personagens que costuram a trama para chegar na festa de uma amiga (ou nem tão íntima assim, para alguns) é um show de gags, situações estapafúrdias e, especialmente, o retrato de uma geração de 20 e poucos anos dos anos 1980 que tinha dúvidas sexuais, amorosas e fraternais. No meio disso tudo há a organizadora paranóica da festa, a melhor amiga, encrenqueiros que se metem com punks, dois melhores amigos que se descobrem apaixonados um pelo outro… e por aí vai. Com um elenco gigantesco que conta com nomes famosos como Christina Ricci, Kate Hudson, Ben Affleck, Paul Rudd e até a vocalista do Hole, Courtney Love, entre muitos outros, temos aqui um divertido e inusitado passeio que, provavelmente, muitos gostariam de vivenciar na virada do ano. – por Matheus Bonez

 

O Diário de Bridget Jones  (Bridget Jones’s Diary, 2001)
Na vida da protagonista, as festas de final de ano são marcadas pela tentativa de sua mãe em arranjar um par romântico para desencalhá-la com a pior das roupas, um blusão de lã bordado pela própria matriarca. Mas tudo muda na vida da curvilínea Bridget (Renée Zellweger) depois de conhecer o durão Marc Darcy (Colin Firth). De emocionalmente distante a salvador da garota, o galã, que remete ao personagem de Jane Austen em Orgulho e Preconeito, resgata Bridget das mãos do traiçoeiro Daniel Cleaver (Hugh Grant). Parece superficial, clichê, exageradamente romanesco, mas o filme de Sharon Maguire, baseado no livro de Helen Fielding, possui um espírito alegre e despojado, cômico e que reflete uma mulher madura e independente, que nem por isso deixa de pensar que gostaria de presente nas datas de final de ano um companheiro. E quem disse que ele não poderá chegar para Bridget durante as datas comemorativas ou numa virada de ano? – por Renato Cabral

 

Noite de Ano Novo (New Year’s Eve, 2011)
Em 2010, Idas e Vindas do Amor estreou com um montão de gente famosa no elenco, custou 52 milhões de doletas, faturou mais do que o dobro nos Estados Unidos e acumulou uns US$ 216 milhões no mundo. Aí já viu, né? Outra produção seguindo a mesma linha veio logo em seguida, dirigida pelo mesmo Garry Marshall e repetindo a fórmula com famosos (muitos!), mas o estouro da champanhe não foi lá essas coisas. Orçado em 56 milhões de verdinhas, o título arrecadou 142 no mundo e dentro de casa não chegou nem a 100 milhões, número ruim para os estúdios. Mas isso significa que o filme é ruim para você? De jeito nenhum. O bom do cinema é que uma mesma obra pode ser percebida de maneira diferente por pessoas diferentes, que podem, por exemplo, curtir muito se deparar com as histórias protagonizadas por Roberto De Niro, Halle Berry, Ashton Kutcher, Hilary Swank, Zac Efron, Michelle Pfeiffer, Josh Duhamel, Katherine Heigl e Sarah Jessica Parker, entre muitos outros. Se isso ainda não foi o bastante, que tal ser lembrado que o diretor brindou o público com o delicioso Uma Linda Mulher (1990)? Tin-tin! – por Roberto Cunha

 

Primeiro Dia de um Ano Qualquer (2012)
Festa de ano novo, não muito diferente do Natal, é um momento de reunir a família e congregar com seus entes queridos. Por mais que seja uma data comemorativa, nem sempre a palavra festa pode ser atribuída ao réveillon, principalmente se estamos falando de uma família disfuncional que, para piorar, está ilhada em uma casa de campo. Ou seja, os quebra-paus estão garantidos caso não exista uma união naquele lar. É assim que Domingos Oliveira desenha esse divertido filme. Exibido em competição durante o Festival de Gramado daquele ano, vencedor do kikito de Melhor Roteiro, o longa-metragem conta com elenco cheio de rostos conhecidos, com destaque para Maitê Proença, Alexandre Nero, Clarice Falcão e uma participação especialíssima de Ney Matogrosso. O diretor, como de praxe, toma para si um dos personagens, o pensativo Napoleão, e rouba algumas cenas. Ainda que seja um trabalho cheio de altos e baixos, Primeiro Dia de um Ano Qualquer mostra com certa ironia o dia depois do réveillon e suas complicações. – por Rodrigo de Oliveira

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