Há muitas maneiras de se avaliar um filme, principalmente se entrarmos em questões subjetivas – e o exercício diário da crítica de cinema demonstra isso com muita clareza. Afinal, como é possível para alguns aplaudirem com entusiasmo certo título, ao mesmo tempo em que outra parcela de entendidos o atacam com igual intensidade? Mas se conceitos criativos podem ser interpretados de diferentes maneiras, fazendo com que obras menosprezadas hoje se tornem objeto de culto amanhã – e vice-versa – outros parâmetros podem ser utilizados para se chegar a um consenso sobre se tal projeto foi bem sucedido ou não. E talvez o mais popular deles seja o retorno do público. Se por um lado Nelson Rodrigues afirmava que ‘toda unanimidade é burra’, não há como menosprezar o longa-metragem eficiente ao menos em lotar plateias e vender ingressos. Afinal, além de arte, o Cinema é também uma indústria, e isso não pode ser nunca esquecido. Um marco importante é a barreira do US$ 1 bilhão arrecadado em todo mundo, e em mais de cem anos de atividade cinematográfica apenas 18 produções conseguiram alcançar este feito – a mais recente foi na última semana, com a animação Frozen: Uma Aventura Congelante (2013), dos Estúdios Disney. E se já virou clichê dizer que crítico não gosta de filme popular, vamos contrariar esta falsa-verdade e investigar aqui as razões de tanto sucesso dos dez maiores campeões de bilheteria de todos os tempos. Confira!
10. Piratas do Caribe: O Baú da Morte (2006)
Bilheteria mundial: US$ 1,066.2 bilhão
Quem diria que uma atração do parque de diversões da Disney daria um filme tão bem sucedido? Ou melhor, quatro filmes tão adorados pelo grande público? Esta é a cinessérie Piratas do Caribe. É verdade que depois do primeiro a qualidade da franquia estrelada por Johnny Depp decaiu bastante. Mas ainda assim, as produções continuaram levando pessoas aos cinemas. Calhou do segundo filme, O Baú da Morte, que nem desfecho tem, ser o mais lucrativo da franquia. Cativou o público de forma tão certeira que conseguiu chegar a marca de US$ 1,066 bilhão. Todo mundo quis ver as aventuras de Jack Sparrow, o pirata curiosíssimo criado por Johnny Depp, um homem que sempre está de um lado – o dos seus próprios interesses. A quarta produção da série, Navegando em Águas Misteriosas (2011), também conseguiu entrar na prestigiosa casa do bilhão, não ultrapassando seu antecessor por míseros US$ 21 milhões. No Brasil, o filme fez sucesso, mas teve de amargar o quinto lugar de maiores bilheterias do ano de 2006, atrás de A Era do Gelo 2, O Código Da Vinci, Se Eu Fosse Você e X-Men: O Confronto Final. Aqui a pilhagem foi boa, mas nem tanto: R$ 23 milhões, cerca de US$ 10 milhões. – Por Rodrigo de Oliveira
09. Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)
Bilheteria mundial: US$ 1,084.4 bilhão
Foram US$ 1,084,439,099 de dólares arrecadados em todo o mundo. Entender esta matemática não é difícil, já que o filme antecessor, Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), já havia atingido a marca de um bilhão de dólares arrecadados, ainda mais após tantos elogios ao longa. Obviamente, a expectativa e a pressão por um filme que fechasse com chave de ouro a trilogia de Christopher Nolan para o homem-morcego fizeram com os números fossem tão altos na derradeira parte da saga. Mesmo que ainda muitos chiem, que reclamem da qualidade do longa (que, vá lá, pode não ser perfeito como o co-estrelado pelo Coringa de Heath Ledger), não se pode falar que O Cavaleiro das Trevas Ressurge seja um filme ruim. Muito pelo contrário. Ainda que algumas escolhas para o fim da história possam ser polêmicas, a morte de uma personagem feminina tenha sido feita de forma duvidosa ou que Bane não se iguale à vilania psicopata do Coringa, a parte final mantém a qualidade em alta e faz com que o público e a crítica não tenham dúvidas: há trilogias que podem ser quase perfeitas em sua qualidade e, melhor ainda, as adaptações de histórias em quadrinhos podem – e devem – ser sérias, se encaixando no mundo “real”, com direito a ver a realidade em tons de cinza. No caso de Batman, na escuridão, como o bom e pessimista herói que ele é. – Por Matheus Bonez
08. 007: Operação Skyfall (2012)
Bilheteria mundial: US$ 1,108.6 bilhão
O último filme da saga 007, com direção de Sam Mendes, é a melhor das produções com Daniel Craig na pele do agente secreto. O longa supera os anteriores Cassino Royale (2006), ótimo ao unir espionagem ao submundo do jogo e do perigoso mercado de armas, e Quantum of Solace (2008), que não teve o mesmo desempenho do primeiro por centralizar o enredo em uma vingança pessoal de Bond e explorar uma trama megalomaníaca, mas ainda assim frouxa. Operação Skyfall se sobressai justamente pelo impensável, ao focar uma ameaça invisível gerada pelo próprio serviço secreto britânico. A obra de Mendes enquadra não apenas um 007 desacreditado, longe de sua melhor forma, como também coloca em dúvida a necessidade de ações de espionagem em um mundo aparentemente transparente, produto das novas tecnologias. M (Judi Dench), quase sempre impávida, surge fragilizada, alvo principal de um ex-agente maníaco (Javier Bardem) que se volta contra a instituição que o moldou e que lhe deu as costas em um momento de necessidade. Em Skyfall, M é o centro da narrativa, assim como é dela a fala que resume todo o filme: o mundo não está mais translúcido, mas sim mais opaco, sob ameaças anônimas constantes. – Por Danilo Fantinel
07. O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003)
Bilheteria mundial: US$ 1,119.9 bilhão
11 Oscars não representam tanto para a New Line Cinema e a Warner Bros. quanto os mais de US$ 1 milhão e 100 mil arrecadados nas bilheterias mundiais por O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. É correto afirmar que franquias adaptadas da literatura para a tela grande correspondem pelos maiores êxitos comerciais do cinema, porém o filme também atingiu o posto cobiçado por todas as grandes produções do cinema norte-americano: o sucesso absoluto entre público e crítica. A conclusão épica da trilogia dirigida por Peter Jackson figura na sétima posição entre as maiores bilheterias mundiais de todos os tempos, porém deve-se considerar que cinco das seis produções com melhor desempenho foram lançadas em 3D – o que duplica o valor de cada ingresso vendido e infla qualquer arrecadação. Os méritos desta saga vão além e também figuram nas adaptações que se valem de livros apresentados originalmente a partir de 1954 – aproximando as novas gerações da obra de J.R.R. Tolkien – e na permanência de um universo que segue representado na nova trilogia O Hobbit (2012-2014). – Por Conrado Heoli
06. Transformers: O Lado Oculto da Lua (2011)
Bilheteria mundial: US$ 1,123.8 bilhão
Grandes livros, personagens amados das histórias em quadrinhos, mundos inimagináveis, tragédias da humanidade e… brinquedos infantis! As fontes de inspirações para se construir um sucesso de bilheteria podem ser as mais diversas – e, muitas vezes, surgem de onde menos se espera. Se muitos creditam ao cineasta-explosão Michael Bay o sucesso da trilogia inspirada nos bonecos da Hasbro, há um outro nome por trás encarregado da produção que confere muito mais respeito: Steven Spielberg. Ele foi o responsável por apostar nessa ideia, que combinada ao talento megalomaníaco do diretor que assina os filmes confirmou-se uma aposta mais do que rentável. Os três longas foram indicados ao Oscar em categorias técnicas – o que comprova suas excelências nestes quesitos – e juntos arrecadaram mais de US$ 2,5 bilhões! Se o terceiro filme responde por quase metade deste valor, isso se deve ao carisma de Shia LaBeouf, que dessa vez assume a posição isolada de protagonista, surgindo em meio a um exagero de efeitos especiais de última geração, inebriando os sentidos da plateia e entregando o legítimo blockbuster de verão. Não mudou a vida de ninguém, mas cumpriu o que prometia com eficiência. – Por Robledo Milani
05. Homem de Ferro 3 (2013)
Bilheteria mundial: US$ 1,215.4 bilhão
Ainda que esteja longe de ser uma unanimidade entre os fãs, Homem de Ferro 3 honra o bom nome do milionário Tony Stark, tendo chegado a casa do US$ 1 bilhão durante sua passagem nos cinemas. Para ser mais exato, US$ 1,215. As razões para este sucesso são várias. É o filme que sucede o blockbuster dos blockbusters Os Vingadores (2012), conseguindo assim capitalizar a curiosidade do público por mais uma aventura do herói mais carismático do grupo. O fato de ter um inspirado Robert Downey Jr. encabeçando o elenco só ajudou a bilheteria aumentar. E a promessa de um vilão clássico dos quadrinhos fez os fãs correrem para o cinema (e depois esbravejarem na internet). Curiosamente, o resultado do mercado norte-americano foi abaixo de Jogos Vorazes: Em Chamas (2013), com Homem de Ferro 3 arrecadando US$ 409 milhões contra os US$ 424 do futuro distópico estrelado por Jennifer Lawrence. Sorte para a Marvel que o resto do mundo estava ansioso para conferir a nova aventura de Tony Stark, garantindo aos estúdios uma renda ao redor do mundo de US$ 806 milhões. O Brasil foi responsável por R$ 97 milhões deste bolo, cerca de US$ 40 milhões. – Por Rodrigo de Oliveira
04. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011)
Bilheteria mundial: US$ 1,341.5 bilhão
Depois de decidirem dividir em duas partes o último livro de Harry Potter para transportá-lo para o cinema de maneira um pouco mais completa, os produtores da franquia resolveram aproveitar o sucesso que o 3D estava começando a ter na época e converter esses últimos filmes para a tecnologia. No entanto, a conversão de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010) não ficou pronta a tempo, e o estúdio só pôde se aproveitar dos ingressos mais caros no capítulo final. O resultado foi exatamente o esperado: Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 se tornou o filme mais lucrativo da franquia, batendo vários recordes de bilheteria quando lançado e ultrapassando a marca de um bilhão de dólares arrecadados mundialmente. E mesmo que não seja o melhor exemplar da série, o filme ainda assim é empolgante na medida certa, representando um ótimo final para a grande história que vimos ao longo de toda uma década. Dessa forma, Harry Potter fechou com chave de ouro sua trajetória nos cinemas. – Por Thomas Boeira
03. Os Vingadores (2012)
Bilheteria mundial: US$ 1,518.6 bilhão
Quanto mais próximo do horário se aproximava, mais ansioso o público ficava. Quando as luzes se apagaram e aquele logo vermelho surgiu, um suspiro quase orgásmico tomou conta da plateia. Quatro anos depois a cereja do sorvete da Marvel Studios estava sendo delicadamente posicionada. Chegava aos cinemas Os Vingadores, filme que reuniu toda o plantel de heróis do cinema da Casa de Ideias: Homem de Ferro (Robert Downey Jr., brilhante), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) contra Loki (Tom Hiddleston, incrível). E o resultado foi extraordinário! Ao conseguir estabelecer uma linha narrativa paralela que pôde unir as quatro franquias já existentes, Kevin Feige – presidente da Marvel – e Joss Whedon – diretor e roteirista – realizaram o sonho de muitas gerações e saciaram a curiosidade de inúmeros cinéfilos: eles transformaram impecavelmente as páginas dos quadrinhos em um filme. Está tudo lá: desde a ação que lhe deixa de boca aberta ao humor perspicaz. O estrondoso sucesso do filme – que lhe rendeu a terceira posição na lista de maiores bilheterias – não foi devido apenas ao jogo de expectativa realizado pelo estúdio; o filme é muito bom! Justa posição. – Por Eduardo Dorneles
02. Titanic (1997)
Bilheteria mundial: US$ 2,186.8 bilhões
Não foi à toa a entrada de Titanic no topo de maiores bilheterias de todos os tempos, posição que manteve por mais de uma década. Quem era jovem em 1997 vivenciou uma febre cinematográfica inesquecível: a história de amor entre Jack e Rose. E mais que isso, uma adoração que elevou Leonardo DiCaprio ao hall dos galãs e fez mulheres de todas as idades babarem pelo jovem Jack Dawson e sonharem em ser Rose DeWitt Bukater, além de colecionarem tudo que é foto e reportagem divulgadas sobre os astros. Hollywood não assistia a um fenômeno desses havia boas décadas. Contando a história real do naufrágio do Titanic, James Cameron criou um épico impossível de ser derrubado por um iceberg. Uma homenagem ao cinema clássico e aos grandes melodramas, Titanic conquistou crítica, a academia (vencendo 11 Oscars) e o público, que até hoje ainda recorda a belíssima produção através de My Heart Will Go On, a incansável canção-tema de Celine Dion. – Por Renato Cabral
01. Avatar (2009)
Bilheteria mundial: US$ 2,782.3 bilhões
Atualmente dono do topo da lista de maiores bilheterias com seus dois últimos filmes figurando em primeiro e segundo lugar, tendo sido estes também os únicos que dirigiu em mais de dezessete anos, James Cameron ocupa hoje com segurança o cargo que uma vez já foi de Steven Spielberg, de referência máxima no gênero dos blockbusters. Avatar, porém, justifica sua estrondosa aceitação pelo público ao nos levar por um filme em que quase tudo é feito através de uma computação gráfica irretocável. Revolucionando o uso do motion capture que já havia impressionado o espectador com o Gollum de O Senhor dos Anéis, Cameron conta uma história que usa o clichês muito bem ao seu favor, jamais deixando que os mesmos maculem sua obra. É uma aventura contagiante, carismática, embalada por uma trilha grandiosa de James Horner e sem receios de exagerar no tom épico. Quase tudo o que Titanic (1997) também era. A maioria dos frames do filme podem virar um belo quadro para se pendurar na sala, as pessoas saíam do cinema sabendo o nome dos personagens, querendo falar Na’vi e indiferentes aos 162 minutos da duração. Empolgante e divertida, é como se pode descrever a experiência chamada Avatar. – Por Yuri Correa
Últimos artigos de (Ver Tudo)
- Top 10 :: Dia das Mães - 12 de maio de 2024
- Top 10 :: Ano Novo - 30 de dezembro de 2022
- Tendências de Design de E-mail Para 2022 - 25 de março de 2022
Deixe um comentário