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Sumiços sempre rendem bons dramas e muito suspense na história do cinema. Afinal, não apenas o fato de uma pessoa desaparecer à vista de todos é por si só um bom começo de trama como seu desenvolvimento implica em descobrirmos o porque do ocorrido e, principalmente, quais motivos teriam levado alguém a cometer o crime – seja sequestro, homicídio ou nenhum deles. Com o sucesso do novo longa de David Fincher, Garota Exemplar, que está totalmente inserido no tema, a equipe do Papo de Cinema resolveu listar os dez melhores filmes do gênero. Quer saber se seus favoritos estão aqui? Confira!

 

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A Dama Oculta (The Lady Vanishes, 1938)
Penúltimo filme da chamada Fase Inglesa de Alfred Hitchcock, A Dama Oculta é frequentemente visto nas listas de melhores longas do mestres do suspense. Não é à toa. Com uma trama aparentemente simples, o diretor entrega um roteiro elaborado que não fala apenas do sumiço de uma senhora em um trem. A única pessoa que a conhece é uma jovem da classe alta que bateu a cabeça em um hotel. Fato que leva a maioria dos passageiros a acreditar que a garota tem alucinações. Será mesmo? A Dama Oculta esconde uma história muito maior que antecede a Segunda Guerra Mundial. A ligação entre tudo? Só assistindo para saber. Ninguém perdoaria os spoilers, mesmo quase 80 anos depois de seu lançamento. É Hitchcock em sua melhor forma, o que é difícil rebater. – por Matheus Bonez

 

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Desaparecido: Um Grande Mistério (Missing, EUA, 1982)
Clássico do cinema político do início dos anos 1980, este denso drama dirigido com mão firme pelo grego Costa-Gavras toca o dedo fundo em um dos maiores problemas dos regimes militares na América Latina: o desaparecimento de qualquer pessoa que ousasse levantar a voz – ou sem talento, através de um trabalho consistente de denúncia – contra os absurdos da ditadura. Pois é exatamente isso que acontece com o jornalista norte-americano Charles Horman (John Shea), enviado ao Chile para cobrir o Golpe de Estado. Esse episódio leva seus pais, interpretados com bastante entrega por Jack Lemmon e Sissy Spacek, a moverem mundos e fundos em busca do filho, numa luta de Davi contra Golias que irá surpreender tanto os próprios personagens como também a plateia, diante de tantas revelações sobre as verdades por trás das associações entre os Estados Unidos e os governos responsáveis por estas atrocidades. Indicado a quatro Oscars – inclusive a Melhor Filme – acabou premiado como Melhor Roteiro Adaptado, além de ter ganho também a Palma de Ouro como Melhor Filme no Festival de Cannes, entre tantas outras premiações. Reconhecimentos à altura de um thriller envolvente e tristemente realista. – por Robledo Milani

 

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Fargo (1996)
Os irmãos Coen já possuíam alguma expressividade com seus primeiros filmes quando apresentaram Fargo, suspense de humor ímpar que permanece como um dos roteiros mais sensacionais que o cinema norte-americano na produziu, merecidamente laureado com o Oscar. Subvertendo os códigos comuns a thrillers de desaparecimento, Fargo apresenta uma coleção de personagens inesquecíveis para contar, numa comédia de erros e um tanto quanto sombria, a história de um suburbano vendedor de carros que decide forjar o sequestro da própria esposa para conseguir o resgate e saldar suas dívidas. Seu problema são os tipos que ele encontra para dar conta do serviço e a eficiente detetive que investiga o caso. Nas paisagens gélidas e pouco convidativas da Dakota do Norte, a narrativa se desenvolve ao redor de mentiras, trapaças e extrema violência, pontualmente interrompidas pela comicidade de situações inusitadas que beiram o absurdo – e justamente por isso parecem tão verdadeiras. William H. Macy, Frances McDormand (vencedora do Oscar pelo papel), Steve Buscemi e Peter Stormare são em boa parte responsáveis pelo excepcional êxito de Fargo, que para muitos – incluindo este que vos escreve – segue como a insuperável obra-prima de Joel e Ethan Coen. E se você concorda, não deixe de assistir a igualmente ótima série televisiva derivada do filme, que funciona como um bem-vindo retorno àquele universo. – por Conrado Heoli

 

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Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, 2003)
Sean Penn, Tim Robbins e Kevin Bacon estrelam um dos melhores trabalhos dirigidos por Clint Eastwood na década passada, o premiado Sobre Meninos e Lobos. Baseado na obra de Dennis Lehane, é uma história forte sobre perda e dor. Dois desaparecimentos pontuam a trama. O primeiro, no passado. Jimmy e Sean são testemunhas do seqüestro do seu amigo, Dave, que fica sumido por quatro dias, sofrendo abusos sexuais de um policial. Ele consegue fugir, mas nunca se recupera completamente do trauma. Corta para 28 anos depois e o segundo desaparecimento acontece. A filha de Jimmy (Penn) sai com o namorado e não volta para a casa. Na mesma noite de seu desaparecimento, Dave chega em casa com sangue nas mãos, dizendo ter batido em um assaltante. Descobre-se que a moça foi assassinada e o responsável pela investigação é Sean (Bacon), policial que se afastou dos amigos do passado. Em uma trama cheia de segredos, vinganças e desconfianças, nada é o que parece ser e personagens pagarão caro por sua condição suspeita. Eastwood dirigiria outro filme com desaparecimentos na trama, A Troca (2008), com Angelina Jolie. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007)
Baseado no livro do grande Dennis Lehane, Medo da Verdade leva às telas o excelente casal de detetives particulares criados pelo escritor, Patrick Kenzie e Angie Gennaro, que ganham os rostos de Casey Affleck e Michelle Monaghan. A história situada em Boston se concentra no desaparecimento da pequena Amanda McCready (Madeline O’Brien), filha de Helene McCready (Amy Ryan, indicada ao Oscar por seu trabalho aqui). Enquanto a polícia parece perdida com relação ao caso, Patrick e Angie são chamados pela família da menina para encontra-la. Estreia de Ben Affleck como diretor, Medo da Verdade já mostra o enorme talento do ator por trás das câmeras, algo que se confirmaria ainda mais em seus filmes seguintes, o ótimo Atração Perigosa (2010) e o vencedor do Oscar Argo (2012). Affleck lida com uma trama complexa, onde cada pista coloca os protagonistas em caminhos cada vez mais perigosos, além de dar indícios de que algo muito maior do que eles imaginam está envolvido no desaparecimento de Amanda. E as questões morais trazidas pela história enriquecem o filme e o tornam uma obra ainda mais forte. Dessa forma, Medo da Verdade se revela um thriller fabuloso e inesquecível. – por Thomás Boeira

 

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Millennium: Os Homens que não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo, EUA, 2011)
Dificilmente uma refilmagem consegue superar seu original. A não, é claro, que ela seja realizada sob o comando de um cineasta como David Fincher. É o que acontece nessa versão norte-americana do primeiro longa da série Millennium, levada às telas pela primeira vez na Suécia em 2009 – assim como suas duas continuações, A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo do Ar, todas lançadas no mesmo ano. E se o ponto maior de interesse é a personagem Lisbeth Salander (interpretada por uma oscarizável Rooney Mara), o cerne da trama está mesmo nas mãos do jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig, conseguindo construir com eficiência um tipo distante do herói James Bond), que precisa revelar um antigo mistério familiar sobre sobrinha de um milionário, desparecida há anos. A cada nova revelação a respeito do passado do clã Vanger, a dupla de investigadores se afunda mais em mentiras, segredos e perigos até então inimagináveis. Mas que garantem, com efeito, um thriller muito acima da média. – por Robledo Milani

 

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A Busca (2012)
Não é necessário ter vivido a experiência para saber: o desaparecimento de um filho é um momento desesperador para qualquer pai. O receio de nunca mais vê-lo, de não acompanhar seu crescimento, de perder alguém importante. Esperar para que as autoridades encontrem a pessoa é o que muitos fazem, mas não é o que o pai da trama de A Busca executa. Depois de descobrir que o jovem Pedro (Brás Antunes) saiu de casa sem deixar vestígios, o pai do menino, Theo (Wagner Moura), empreende uma verdadeira jornada para encontrá-lo. O relacionamento entre os dois não era dos melhores e Theo sabe que pode ser um dos responsáveis pelo desaparecimento do garoto, o que torna sua tarefa de buscá-lo ainda maior. Road movie dirigido por Luciano Moura, A Busca é mais do que um filme sobre um pai procurando um filho, é um longa-metragem de descobertas. Com participação especial de Lima Duarte, fechando de forma pungente o filme, A Busca é uma das boas produções nacionais de 2012. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Os Suspeitos (Prisoners, 2013)
Este poderia ser facilmente um filme dirigido por David Fincher. Desde a fotografia estilizada – pelas mãos do sempre excelente Roger Deakins – passando pelo complexo e denso roteiro que confia inteiramente na inteligência do espectador, até a própria condução que se permite dar a um longa tão angustiante um desfecho coerente com esse sentimento. Porém, seu diretor é o mais novato e igualmente instigante Denis Villeneuve, do recente e divisor de opiniões O Homem Duplicado (2013). O cineasta é brilhante ao permitir que boa parte das resoluções do caso do desaparecimento de duas garotinhas sobre o qual trata, seja feita pelo próprio espectador, ao invés de investir em diálogos expositivos tão típicos do gênero. Fazendo jus ao título original – Prisioners – Villeneuve também procura sempre enfocar os personagem dentro de algum ambiente fechado, e mesmo quando em uma externa, cercas, árvores e demais obstáculos formam grades em torno dos mesmos, simbolizando lindamente que estão todos aprisionados àquela terrível situação. Há muito mais o que se dizer sobre o longa, mas serve também destacar que de Hugh Jackman até Jake Gyllenhaal o elenco todo está formidável e intenso. A duração estendida do filme nem se percebe, e como obra deveria ter sido mais reconhecido. – por Yuri Correa

 

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O Lobo Atrás da Porta (2013)
O Lobo Atrás da Porta não é um filme comum. Por comum, entendo os que não duram muito na memória. A história passada no subúrbio carioca é feita de amor, sexo, traição, mas principalmente de violência. Tudo se esclarece brutalmente no depoimento da personagem de Leandra Leal, aquele que desdiz os relatos anteriores, responsáveis por criar pequenos flashbacks falsos. O desaparecimento da menina ganha contornos cada vez mais dramáticos à medida que a verdade sobrepuja essas versões preliminares lançadas para ganhar tempo. Acompanhamos a situação que se desenha no entorno, já antevendo a iminência da tragédia. A imagem carrega a paixão que transita entre esses personagens tomados de súbito por acontecimentos aleatórios de desdobramentos dramáticos. Ninguém é ingênuo no filme de Fernando Coimbra, diretor que mostra muita habilidade na condução da narrativa em que as pequenas fraturas se tornam, gradativamente, grandes rombos emocionais. Os estilhaços atingem a todos. – por Marcelo Müller

 

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Garota Exemplar (Gone Girl, 2014)
David Fincher aparece na lista duas vezes justamente por ser o cineasta que melhor fala sobre investigações atualmente, desde o já clássico Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995), passando por Zodíaco (2007), o já citado Millenium e, é claro, o novo Garota Exemplar. Ao desconstruir a história de um aparente casamento perfeito interrompido pelo suposto desaparecimento da “exemplar” Amy, o cineasta nos conduz a uma história de crimes, traições, sociopatia e loucura que é o sonho de roteiro para qualquer diretor dirigir. Nas mãos de alguém já experiente no tema como Fincher, o longa se torna uma obra-prima imediata, daquelas que surgem no gênero uma vez a cada década. Com Garota Exemplar ainda dá para acreditar que o cinema tem originalidade a oferecer, mesmo que ela seja uma bela mistura de referências a outros cineastas (alguém falou em Hitchcock?). Perfeito. – por Matheus Bonez

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