Quentin Tarantino está de volta aos cinemas e, novamente, com um faroeste. Depois de Django Livre (2012) conquistar várias premiações para o cineasta, ele investe de novo no gênero com Os Oito Odiados (2015), que traz seu amigo Samuel L. Jackson como protagonista. Com esta grande estreia nos cinemas brasileiros, o nosso primeiro Top 10 de 2016 não poderia ser outro senão uma homenagem aos grandes faroestes que já passaram pelos cinemas. Então, prepare a pipoca, confira a nossa lista e selecione o seu favorito!
No Tempo das Diligências (Stagecoach, 1939)
Este clássico western dirigido por John Ford marcou a primeira parceria entre o diretor e o astro John Wayne. Na trama, acompanhamos diversos personagens em sua viagem em uma diligência para Lordsburg, Novo México. Cada um deles tem um motivo especial para sair de sua cidade, motivo forte o bastante para enfrentar o iminente ataque dos índios apache. John Ford é bastante feliz em apresentar estes personagens ao espectador de forma bastante dinâmica. Em menos de 20 minutos já conhecemos todos eles, entendemos suas motivações básicas e temos uma ideia bastante clara do que esperar de suas atitudes durante a viagem. Só depois destes vinte minutos iniciais é que o protagonista da história, Ringo Kid, interpretado por John Wayne, dá as caras. Em grande estilo, como não poderia deixar de ser. Com narrativa bastante dinâmica, o filme também se destaca por ser uma espécie de precursor do subgênero road movie, ou “filme de estrada”. O próprio cineasta esculpiria melhor o formato no ano seguinte, com As Vinhas da Ira. Mas já em No Tempo das Diligências podemos ver a importância da jornada para o desenvolvimento e amadurecimento dos personagens. Tudo feito de modo muito calculado pelo cineasta, nesta verdadeira obra-prima do gênero western. – por Rodrigo de Oliveira
Matar ou Morrer (High Noon, 1952)
Um filme de faroeste com poucos tiros em que o protagonista, cansado de tantas disputas, está mais interessado em ficar sossegado do que se meter em matanças. Foi graças a este título do austríaco Fred Zinnemann que o gênero sofreu uma reviravolta na metade do século XX e passou a clamar por roteiros mais densos. Neste western desolado, Gary Cooper é o xerife Will Kane, que está prestes a se aposentar e ser substituído logo após que casar com Amy (Grace Kelly). Pois neste meio tempo, três pistoleiros vão à estação de trem esperar por Frank Miller (Ian MacDonald), criminoso que quer se vingar do xerife após ter sido preso por ele. Com a notícia de estar sendo caçado pelo assassino, Kane resolve reunir os próprios cidadãos da cidade para o confronto. Tarefa que se torna mais árdua do que o próprio combate a ser tramado. Na época em que o filme estava sendo produzido, os EUA começaram a viver a paranoia do macarthismo, o que gera um belo debate em algumas nuances desta história, muito menos sangrenta do que se pode esperar de um clássico do faroeste. Por conta desta mesma subversão do gênero, se tornou um dos títulos referência para qualquer um que goste de um bom bang bang com muito mais a conta do que disparos de armas de fogo. – por Matheus Bonez
Johnny Guitar (1954)
Assim como um Mad Max: Estrada da Fúria (2015), em Johnny Guitar o suposto papel principal do título é só uma pequena parte de um protagonismo dedicado quase que inteiramente às mulheres. Estrelado por Joan Crawford, este faroeste reserva a sua força na presença de Vienna, uma dona de um saloon. Em seu ambiente tranquilo, ela é levada a chamar seu ex-amante Johnny Guitar (Sterling Hayden) para ajudá-la a colocar ordem no local e manter afastados os rancheiros que querem sua propriedade para a instalação de uma estrada de ferro. A chegada de Guitar acaba por despertar o ódio e ciúmes em Emma (Mercedes McCambridge), que é apaixonada por Vienna. Com uma belíssima mise-en-scène do diretor Nicholas Ray, do também clássico Juventude Transviada (1955), Johnny Guitar foi lançado quase sem alardes, mas ganhou uma sobrevida quando os críticos franceses retomaram a sua análise. François Truffaut chegou a descrever a produção como A Bela e a Fera dos westerns. A performance de Crawford e McCambridge são fortes e quase não deixam espaço para os protagonistas masculinos. – por Renato Cabral
Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, 1959)
Howard Hanks passou um período na Europa antes de retornar aos EUA para sua fase final de carreira e seu primeiro grande título da época foi este, no qual retornava ao bom e velho Oeste para resgatar as origens do gênero, quase renegando Matar ou Morrer, já que não gostava deste filme. Com o astro John Wayne ao seu lado, Hanks elabora uma trama que fala muito mais de seus personagens do que da própria história em si. Wayne vive John T. Chance, xerife de uma pequena cidade que prende o irmão de um rico proprietário de terras. O problema é que, ao fazer isso, o policial torna a cidade mira de 40 pistoleiros profissionais que trabalham para a família do detento. Para piorar a situação, os únicos que podem ajudá-lo a manter o rapaz na prisão são o alcoólatra Dude (Dean Martin ofuscando a todos), o velho aleijado Sumpy (Walter Brennan), o violeiro Colorado (Ricky Nelson) e Feathers, a única garota local com coragem para encarar o desafio (Angie Dickinson). Menos que o conflito externo da guerra entre os pistoleiros, aqui o cineasta explora a personalidade e a relação do time principal que está enfurnado na delegacia, tornando o longa uma bela crítica social que vai muito além do simples faroeste. – por Matheus Bonez
Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven, 1960)
Não é de hoje que Hollywood organiza projetos para refilmar obras populares de outros países. Remake do clássico japonês Os Sete Samurais (1954), de Akira Kurosawa, Sete Homens e Um Destino adapta àquela história para o velho oeste, apresentando o pistoleiro Chris Adams (Yul Brynner), que é contratado ao lado de outros seis homens para defender um vilarejo, cujos habitantes estão sob a ameaça do vilão Calvera (Eli Wallach) e sua gangue. Embalada pela trilha memorável de Elmer Bernstein, o filme de John Sturges segue bem a trama do filme original, mas sem esquecer de ter sua própria personalidade, além de nos apresentar a uma galeria de personagens interessantes e que encontram grande força na dinâmica do respeitável elenco, que incluía nomes que se tornariam estrelas marcantes do cinema, como Steve McQueen e Charles Bronson. E não há como esquecer do grande terceiro ato com a batalha pelo vilarejo, que se revela uma sequência de ação intensa e muito bem organizada por Sturgess. O longa veio a ter três continuações, mas estas não são tão lembradas quanto este título, que se firmou como um exemplar icônico dentro do gênero. – por Thomás Boeira
Três Homens em Conflito (Il buono, il brutto, il cattivo, 1966)
Sergio Leone é um dos grandes nomes quando se fala em western, e com certeza o mais destacado no sub-gênero dos western spaghetti. E se Era Uma Vez no Oeste é o seu trabalho mais preciosista, Três Homens em Conflito é a sua obra mais icônica. Da trilha sonora do fiel parceiro Ennio Morricone, passando pelas falas de efeito como “se tem de atirar em alguém, atire, não fique falando”, até sequências visualmente marcantes como a do confronto no cemitério, o longa-metragem e suas quase três horas de duração equilibram com destreza duas das características mais presentes no estilo: a brutalidade e o humor. É também o terceiro capítulo de uma trilogia que acompanha o Homem sem Nome vivido por Clint Eastwood (apelidado apenas de Blondie) que chega a esse último filme já familiarizado com Tuco (o hilário Eli Wallach) e Angel Eyes (o amedrontador Lee Van Cleef), dois outros foras-da-lei como ele que tem os seus próprios objetivos em meio à Guerra Civil. Quando os três ficam sabendo de uma fortuna escondida no deserto, começa uma corrida para ver quem chegará primeiro.- por Yuri Correa
Era Uma Vez no Oeste (C’era uma volta il West, 1968)
Após a Trilogia dos Dólares, que o definiu como um dos mestres do faroeste, o italiano Sergio Leone partiu para uma nova trilogia, iniciada com este longa. Mantendo seu estilo operístico e barroco, o cineasta adota um tom melancólico, pois o longa simboliza o fim de um ciclo. Um ciclo não apenas do contexto histórico de sua trama, mas também do próprio faroeste, gênero que passaria por mudanças na década de 70 e veria seu declínio pouco depois. Assim, Leone apresenta seus personagens principais – o misterioso pistoleiro Harmonica (Charles Bronson em atuação definitiva), o impiedoso assassino Frank (Henry Fonda deixando de lado sua persona heroica), o bonachão Cheyenne (Jason Robards esbanjando carisma) e a ex-prostituta Jill (uma estonteante Claudia Cardinale) – em um cenário de mudanças, no qual homens e seus códigos de honra são ultrapassados pela chegada do desenvolvimento, representado pela construção da estrada de ferro. Trabalhando a dilatação do tempo com maestria e transformando poucas páginas de roteiro em um verdadeiro épico, Leone encadeia cenas antológicas, sempre conduzidas pela trilha soberba de Ennio Morricone, que vão da abertura na estação de trem, passando pela chegada de Cardinale à cidade, até o apoteótico duelo final. Uma obra-prima na essência do termo. – por Leonardo Ribeiro
Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid, 1969)
Alguns anos antes de se reunirem no oscarizado Golpe de Mestre (1973), o diretor George Roy Hill e os astros Paul Newman e Robert Redford se encontraram pela primeira vez nas telas neste que é considerado um dos mais icônicos faroestes de todos os tempos. E as razões para o filme ter adquirido esse status de clássico com o passar dos anos são muitas – é difícil apontar apenas um motivo para tal reconhecimento. Talvez seja a impressionante química entre os protagonistas, a condução equilibrada e dinâmica do realizador, a música do mestre Burt Bacharach (responsável pela trilha sonora e pela canção original Raindrops Keep Fallin’ on My Head), a fotografia objetiva de Conrad L. Hall ou o roteiro não menos que genial de William Goldman. Nestes últimos pontos, aliás, temos os quatro Oscars conquistados pelo longa, que concorreu ainda a Melhor Filme, Direção e Som. Os foras-da-lei nunca foram tão sexies e envolventes, e se o final provocou espanto quando lançado, apenas revelou uma personalidade revolucionária, que em anos seguintes seria perseguida pelos mais diversos títulos, encontrando em Thelma & Louise (1991) um dos seus melhores exemplos. – por Robledo Milani
Os Imperdoáveis (Unforgiven, 1992)
Este filme foi realizado como a grande despedida de Clint Eastwood à frente das câmeras. Envolvido cada vez mais com seu trabalho como diretor, Eastwood escolhera esta trama, mostrando o lado nada glorioso do Velho Oeste, para aposentar sua carreira de ator de uma vez por todas, no gênero que lhe rendeu seus maiores sucessos. Hoje sabemos que, felizmente, veríamos o ator em (muitos) outros trabalhos. Mesmo assim, é fácil entender o porquê de Eastwood ter tentado aposentar o chapéu em Os Imperdoáveis. Além de viver um grande personagem, o filme possui diversos temas trabalhados em faroestes do passado, mas colocados na tela de forma crua, destituindo do gênero o heroísmo de outrora. Na trama, Eastwood é o assassino aposentado William Munny, que se vê de volta ao trabalho sujo por uma grande soma de dinheiro, após perder tudo na vida. Nesta jornada, ele entrará em rota de colisão com Little Bill (Gene Hackman), o xerife do vilarejo, em um embate valendo tudo ou nada. Vencedor de quatro Oscar, incluindo Melhor Filme e Diretor, Os Imperdoáveis é a despedida perfeita do ator/diretor do gênero que lhe deu uma carreira bem sucedida no cinema. – por Rodrigo de Oliveira
Os Indomáveis (3:10 to Yuma, 2007)
Após o resgate promovido após as vitórias no Oscar de títulos como Dança com Lobos (1990) e Os Imperdoáveis (1992), o faroeste alternou nos anos seguintes exemplares de grande popularidade com outros que acabaram ignorados pelos espectadores, na maioria das vezes sem motivos aparentes. Neste segundo caso temos essa excelente refilmagem de Galante e Sanguinário (1957). Com direção de James Mangold (no seu melhor momento atrás das câmeras), temos Christian Bale como um fazendeiro tentando defender sua vida e honra do fora-da-lei vivido por Russell Crowe. Ao lado deles estão nomes de respeito, como o mestre Peter Fonda, um hipnótico Ben Foster e até o jovem Logan Lerman, em um dos seus primeiros trabalhos. O texto de Elmore Leonard (autor de Irresistível Paixão, 1998, entre outros) é afiado, repleto de bons diálogos e reviravoltas surpreendentes, que conduzidas de forma segura e defendidas por um elenco comprometido com seus personagens transforma esse filme em uma das melhores revelações do gênero nas últimas décadas. Pequeno, porém não menos ambicioso, é um título que merece ser descoberto, não apenas por seus méritos próprios, mas também pela relevância que possui dentro da temática que defende. – por Robledo Milani
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Muita boa matéria