Um dos acontecimentos mais importantes da história brasileira não poderia ser esquecido pelo cinema. O diretor Carlos Coimbra uniu-se a um time de roteiristas de peso, que incluem Anselmo Duarte e Lauro César Muniz, para contar os episódios da batalha pela independência do Brasil, cujo pano de fundo é a vida de Dom Pedro I. Ao contrário do que aconteceria com outras produções sobre o período, mais voltadas à comédia e abordando os vários casos extraconjugais do imperador, o filme de Coimbra apresenta uma atmosfera romântica ao envolvimento de Dom Pedro com a Marquesa de Santos, interpretada por Glória Menezes. Tarcísio Meira, que anos depois daria vida ao Capitão Rodrigo na minissérie O Tempo e o Vento (1985), aqui empresta seu porte de galã de época para um Dom Pedro I com pinta de herói e vivendo às voltas com um amor proibido. Todas essas licenças poéticas e clima mítico tem muito a ver com o fato de ser um filme oficial do governo militar do presidente Médici, que valorizava obras de viés chapa-branca, como forma de dizer ao povo que nossos colonizadores eram a fina flor da bondade. Passados 45 anos de seu lançamento, a produção hoje é objeto de análise para entender a influência da ditadura civil-militar nas obras audiovisuais.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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