20170903 patriota papo de cinema

Mel Gibson hoje pode ser um nome um tanto não bem quisto em Hollywood – ainda que sua indicação no último Oscar por Até o Último Homem (2016) tenha começado a mudar esse cenário. Porém, até o início dos anos 2000 seu nome estava em alta e era sinônimo de bilheteria. Fato impulsionado por vários sucessos de público e até de crítica, como Coração Valente, que lhe rendeu vários prêmios, inclusive o principal da Academia naquela época. Pois, este título dirigido por Roland Emmerich evoca diretamente o longa de Gibson, só mudando o povo dominado, do escocês para o americano. Aqui ele é Benjamin Martin, fazendeiro da Carolina do Sul que entra na batalha pela independência dos EUA contra o domínio inglês em 1776. No passado ele foi o grande herói de um conflito entre franceses e índios, o que gerou a fama que o levou a ser um dos líderes da nova guerra. Sua esposa está morta e ele precisa cuidar de sete filhos, incluindo Gabriel (Heath Ledger no início de sua popularidade). O tom ufanista incomoda e os ingleses serem retratados como vilões implacáveis é o principal problema (que, inclusive, gerou atritos quando o filme estreou no Reino Unido). Porém, o que não se pode se queixar de uma produção de Emmerich é seu apuro no que tange às cenas de ação e batalhas. Há sangue e pedaços de corpos voando pela tela, no tom mais realista possível de um conflito como esse, o que maquia a falta de um roteiro melhor trabalhado. Mesmo não sendo uma produção inesquecível por sua qualidade artística, o longa empolga como exemplar de ação e, também, por ser um dos poucos que tenta esquadrinhar esse momento histórico do país da forma mais abrangente possível. Não mudou o mundo como seu período retratado, mas vale uma espiada.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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