Nesta adaptação do romance de James Fenimore Cooper, o cineasta Michael Mann se arrisca por um terreno bastante distinto dos dramas policiais urbanos aos quais é associado. A trama se passa em 1757, durante a chamada Guerra Franco-Indígena – um desmembramento da Guerra dos Sete Anos – na qual França e Inglaterra disputavam o domínio das colônias da América do Norte, com ambos os lados tendo povos nativos como aliados. Nesse cenário é apresentada a figura de Nathaniel “Hawkeye” Poe (Daniel Day-Lewis), homem branco criado pela tribo moicana, que se apaixona por Cora Munro (Madeleine Stowe), filha de um coronel britânico, após resgatá-la de uma emboscada orquestrada por Magua (Wes Studi), guerreiro Huron cúmplice dos franceses. Em meio ao fogo cruzado, Hawkeye, juntamente do chefe moicano Chingachgook e seu filho Uncas, assume a missão de escoltar Cora e a irmã, Alice, até o forte inglês. Mesmo trabalhando com um gênero incomum em sua filmografia, Mann imprime a ele seu apuro técnico/estético habitual, comandando uma aventura épica empolgante, permeada pela ação e pelo romance – valorizado pelos talentos de Day-Lewis, Stowe e todo o elenco. De quebra, o diretor ainda apresenta um valoroso retrato histórico de eventos extremamente importantes para o subsequente processo independência dos EUA. Pois, ainda que o longa não discuta diretamente o assunto, com a disputa mostrada sendo pela posse e não pela liberdade, a posterior vitória inglesa levaria a uma mudança de postura – mais intervencionista – na relação com as treze colônias norte-americanas, incitando a intensificação dos movimentos liberalistas e resultando na Declaração da Independência em 04 de julho de 1776 – que só seria reconhecida, de fato, em 1783, após longa batalha contra os britânicos.
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