Dona Flor (Sônia Braga) é casada com Vadinho (José Wilker), boêmio beberrão e apostador que a satisfaz na cama. Quando o marido morre, Flor passa a ser cortejada por outro homem, o pacato farmacêutico Teodoro (Mauro Mendonça) que, apesar de ser uma boa pessoa, é um tanto conservador e não tão apimentado entre os lençóis. É aí que Vadinho resolve aparecer de novo, em forma de espírito, para satisfazer sua viúva, deixando-a num dilema: a quem amar? O espírito de Vadinho ou o dedicado Teodoro? Nessa comédia de realismo fantástico, o cineasta Bruno Barreto leva o texto de Jorge Amado, do livro homônimo, para as telas na sua melhor forma, com todos os bordões e o linguajar típicos do litoral nordestino. O cotidiano expressado pela fantasia soma pontos na pele de Sônia Braga, definitivamente a alma do filme, sempre dona de uma irreverência sensual, enquanto José Wilker constrói com Vadinho um fanfarrão adorável em sua canalhice, se contrapondo muito bem à dureza de Mauro Mendonça como Teodoro. O trio consegue muito bem construir a dinâmica de sexualidade e humor que a narrativa de Bruno Barreto pede, resultando num filme que soa tão ousado quanto leve.