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Top 10 :: Moda

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Moda e cinema andam juntos desde que o cinema descobriu como transportar suas divas e galãs para fora das telas e utilizá-los como peças publicitárias de alto investimento. Da mesma forma, a indústria fashion sempre soube valorizar estes grandes nomes com roupas, joias e afins de grifes famosas, tendo divulgação extra de suas marcas através dos mais diversos longas. A sétima arte também serviu para cutucar esta mesma indústria, mostrando bastidores não tão luxuosos assim, seja através da ficção ou do documentário. Com a estreia de Saint Laurent (2014), cinebiografia dirigida por Bertrand Bonello sobre um dos maiores ícones fashion da história, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger os dez filmes mais interessantes que desfilaram pelo tema. Será que o seu favorito está nesta seleção de alta costura? Confira!

 

Cinderela em Paris (Funny Face, 1957)
Que Audrey Hepburn é um dos maiores ícones da moda de todos os tempos, isto qualquer um sabe. Não faltam referência em estilo quando a assistimos em filmes como Bonequinha de Luxo (1961) e Sabrina (1954). Porém, é neste clássico dirigido por Stanley Donen que atriz e personagem se confundem ao mostrar a história da intelectual Jo Strockton, uma garota simples e que se veste de maneira até comum. Ela é descoberta pelo fotógrafo Dick Avery (Fred Astaire) e se transforma na nova modelo da revista em que ele trabalha. É claro que sua intelectualidade vai bater de frente com aquele mundo recheado de futilidade e puxadas de tapete, ao mesmo tempo em que descobre a paixão pelo seu “benfeitor”. Travestido de musical e comédia romântica, Cinderela em Paris é um retrato leve, mas de certa forma crítico sobre a indústria da moda e dos holofotes. Algo que a própria Audrey soube bem como enfrentar na sua transição para ser conhecida como uma das grandes divas da história do cinema. – por Matheus Bonez

 

Blow-Up: Depois Daquele Beijo (Blowup, 1966)
Primeiro filme em inglês do cineasta italiano Michelangelo Antonioni, se passa em Londres e tem como protagonista um fotógrafo que vive os anos de efervescência cultural conhecidos como Swinging London. Clicar modelos para catálogos e outras peças inerentes à engrenagem de divulgação do mundo da moda o deixa enfastiado. Thomas (David Hemmings) já não aguenta mais, da mesma maneira, ser procurado por frívolas aspirantes a celebridades, que veem nele um possível contato com a fama. É na arte que ele encontra alívio dessa opressão, desse vazio. Um dia, passeando de câmera em mãos por um parque londrino, ele resolve fotografar um casal ao longe. Ao revelar os negativos, algo que lhe tinha escapado ao olho, mas não à lente: a evidência de um possível assassinato. Este é daqueles filmes que, embora totalmente comprometidos com a época que testemunha, transpira atualidade, justamente por focar-se em inquietações que transcendem qualquer barreira geracional. A moda, por sua vez, é elemento capital, área, segundo essa visada de Antonion, em que a feiura das intenções destoa das belezas registradas em filme. – por Marcelo Müller

 

Prêt-à-Porter (1994)
Fato: na época de seu lançamento, poucos entenderam esta crítica ácida e bem humorada de Robert Altman ao mundo fashion. Pode ter sido por ser, justamente, seu filme posterior ao elogiadíssimo Short Cuts: Cenas da Vida (1993) – quanto mais expectativa, maior a queda. Ou pelo simples fato de praticamente ninguém ter escolhido este tema antes para tentar ir mais a fundo. Nem as indicações ao Globo do Ouro ou o prêmio de melhor elenco pelo National Board of Review foram capazes de fazer o longa virar sucesso. O que interessa é que Altman, de um modo mais descontraído e sem grandes ambições, explora a futilidade dos bastidores da moda, seja dos créditos iniciais em russo (que não querem dizer nada além disso mesmo) aos seus personagens, tão preocupados com marcas e afins – a repórter interpretada por Kim Basinger não poderia ser mais clichê e verdadeira. Tudo bem que o roteiro não é dos mais coesos da carreira do cineasta e muitos personagens podem não dizer porque estão ali. Ainda assim, um Altman menor é melhor que muita porcaria que invade as telas todo ano. E só este motivo basta para dar a Prêt-à-Porter uma revisão. – por Matheus Bonez

 

Zoolander (2001)
Uma grande sátira do universo fashion, traz Ben Stiller em um de seus principais papeis: o modelo Derek Zoolander, que não consegue virar para a esquerda e cuja estupidez é impressionante. Em decadência, ele agora vê seu rival Hansel (Owen Wilson) virar o centro absoluto das atenções. No entanto, Derek parece ganhar a chance de um grande retorno ao ser contratado pelo designer Mugatu (Will Ferrell) para ser a cara de sua nova linha de roupas, mas isso é só uma fachada para que ele sofra lavagem cerebral para matar o Primeiro Ministro da Malásia. É uma trama absurdamente divertida, na qual Stiller (que além de atuar ainda escreveu e dirigiu o filme) aproveita para fazer graça com boa parte da futilidade que envolve essa indústria (o que dizer, por exemplo, dos “vários” olhares de Derek?), algo que rende um festival de gags eficientes e sequências hilariantes, como a disputa entre Derek e Hansel em uma passarela. Aliás, um dos pontos altos da produção é exatamente a dinâmica de Stiller com Owen Wilson, que conseguem causar vários risos quando seus personagens estão juntos em cena. E devido ao relativo sucesso quando lançado, uma continuação também dirigida por Stiller foi lançada em 2016, mostrando que o personagem está mais vivo do que nunca. – por Thomás Boeira

 

O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006)
Poucos filmes foram tão fashionable nos últimos tempos quanto esse longa adaptado do romance de Lauren Weisberger. Inspirado em uma história real vivida pela própria autora e ambientado nos bastidores da revista Runway, a bíblia da Moda de Nova York, o filme chama atenção pelos mais diversos motivos. Pra começar, temos o incrível duelo de performances entre uma novata Anne Hathaway – em sua revelação enquanto atriz ‘adulta’ – a jovem Emily Blunt (indicada ao Globo de Ouro, ao Bafta, ao MTV Movie Awards e premiada pelos Críticos de Londres) e, principalmente, a excelente Meryl Streep (indicada ao Oscar, ao Bafta, ao SAG Award, ao Critics Choice e vencedora do Globo de Ouro). Se a primeira está descobrindo o jogo (como qualquer espectador) e a segunda é a esforçada engatinhando em uma indústria voraz, a última é a veterana que domina todos os macetes e entende como poucos cada engrenagem do sistema. Além disso, temos figurinos deslumbrantes assinados por Patricia Field (a mesma responsável pelo visual de Sex and the City), uma trilha sonora que combina nomes como Madonna, U2, Alanis Morissete, Belle & Sebastian, Jamiroquai e Moby, entre muitos outros, e a direção segura de David Frankel, que soube criar os espaços suficientes para que todo esse time reunido mostrasse o seu melhor. E que sucesso: foram mais de US$ 320 milhões arrecadados no mundo todo, quase dez vezes o valor do seu orçamento! Esta, sim, é uma tendência que não deveria nunca sair de moda. – por Robledo Milani

 

Zuzu Angel (2006)
O filme do diretor Sergio Rezende acompanha a trajetória da estilista Zuzu Angel (1921 – 1976), em uma história ambientada nos anos 60. Mineira radicada no Rio de Janeiro, ela é considerada uma das pioneiras a levar a moda brasileira ao exterior. Suas criações eram marcadas por cores alegres e referências à natureza. Porém, o drama no longa vai além do mundo da moda. Seu calvário pessoal começa quando seu filho, Stuart, pertencente a um movimento socialista e guerrilheiro, é preso durante a ditadura. Quando o tempo passa e suas investidas recebem sempre o silêncio como resposta, ela levanta a bandeira da justiça, usando os meios de expressão que estão ao seu alcance. Entre eles, a moda. Apesar do estilo biográfico e histórico, este longa-metragem foge do didatismo excessivo, auxiliado pela criatividade que flutua por entre as criações da estilista. E, por fim, o filme acaba tendo uma interessante função: dá continuação ao grito de protesto de Zuzu contra as injustiças da ditadura, o que se faz ouvir ainda que 30 anos depois da queda do regime militar brasileiro. – por Adriana Androvandi

 

Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel, 2009)
A atriz Audrey Tautou e seu parceiro de tela Benoit Poelvoorde são dois bons motivos para conferir essa cinebiografia da famosa estilista francesa. Tautou interpreta o papel-título e consegue imprimir muito bem a evolução da personalidade de Gabriele Chanel ao longo dos anos. Já Poelvoorde dá um pouco de tempero à trama, interpretando Étienne Balsan, homem rico que dá um teto à Chanel em um momento de dificuldade. O roteiro de Coco Antes de Chanel, como já pressupõe o nome, se passa antes da fama alcançada pela estilista – aliás, bem antes de ela descobrir que passaria a vida criando roupas. Chanel teve uma infância difícil, tentou a vida como cantora de cabaret até conhecer o abastado Balsan, um homem que se encanta pela beleza (e, porque não dizer, pela agressividade) de “Coco”. A primeira hora do filme é a mais interessante, visto que se concentra na relação entre esses dois personagens. Os diálogos cheios de farpas entre os dois mantêm a história interessante e a performance dos atores ajuda a prender o espectador na trama. Por se concentrar apenas na vida pregressa de Coco, antes dos feitos no mundo da moda que a estilista empreendeu, o roteiro termina por alijar o espectador dos momentos mais interessantes da vida de Chanel. Mas é um bom começo para conhecer mais a vida daquela mulher que revolucionaria o mundo da moda. – por Rodrigo de Oliveira

 

Brüno (2009)
Depois do hilario Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (2006), que se dedicava a criticar pelo exemplo inverso o preconceito norte americano com os povos árabes, o ator Sacha Baron Cohen trouxe com a mesma ideia este Brüno, para debater – sempre com um irresistível humor politicamente incorreto – o mundo da moda e, de quebra, da comunidade gay. Assim, Cohen novamente se tira para Cristo fazendo dele mesmo o alvo das piadas, ao passo que, com as mesmas punchlines que nos arrancam gargalhadas, nos coloca para refletir sobre porque aquilo é engraçado. E qual não é a surpresa quando descobrimos a resposta: tem graça porque é verdade. Alguns podem não ver mais do que o cara bagaceiro girando seu pênis na tela tanto quanto não viam mais do que um filme muito idiota em Borat, uma pena. Não perdem só as risadas, mas o debate também. – por Yuri Correa

 

The September Issue (2009)
Todo mundo se lembra de O Diabo Veste Prada (2006) e, provavelmente, tem uma ideia de como seja trabalhar numa revista de moda a partir deste filme. O que pouca gente sabe é que a realidade às vezes tem mais historia que a ficção. The September Issue é um documentário que acompanha Anna Wintour, editora-chefe da Vogue que teria inspirado o “diabo” do outro filme. E faz isso justamente durante o planejamento e fechamento da edição de setembro da revista, a maior e mais importante porque abre a temporada das chiquerrimas coleções de outono-inverno no hemisfério norte. Se por um lado Anna é muito mais humana e frágil que sua gêmea da ficção, por outro, seus pitis e decisões abruptas parecem fazer ainda menos sentido, colocando em pânico dezenas de jornalistas, editores e fotógrafos. Um filme seminal pra quem aprecia moda, comunicação e, claro, cinema. – por Dimas Tadeu

 

Diana Vreeland: The Eye Has to Travel (2011)
Esqueça Anna Wintour, a verdadeira e melhor editora-chefe da Vogue foi ninguém menos que Diana Vreeland (que também editorou a Harper’s Bazaar). Mais que uma editora que sabia o que colocar nas páginas das publicações, Vreeland foi uma visionária tornando o mercado editorial de moda e a própria moda, arte. Considerada por vezes uma megera, o documentário se propõe a mostrar a trajetória pessoal e a carreira profissional de uma mulher que mais que juntar moda e arte, expandiu as publicações da Vogue como grandes statements sociais e culturais. Certamente, se estivesse viva, Vreeland estaria deslumbrada com Lady Gaga. Um belo documentário com depoimentos de ícones da moda dos anos 70, atrizes e designers de moda, o filme reflete a importância de Vreeland e sua influência até os dias de hoje. – por Renato Cabral

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