O longa-metragem de Peter Yates pode até não ser o mais memorável de todos os existentes sobre carros e motoristas, mas ele compensa qualquer crítica ácida por dois belos motivos: uma cena de perseguição perfeita, com dez minutos de duração, considerada, até hoje, uma das melhores já realizadas na história do cinema; e um protagonista interessante, mesmo para uma história tão comum no gênero policial. Esse é o tenente Frank Bullitt (Steve McQueen), oficial requisitado por um senador para proteger o irmão de um chefe do crime. Consequentemente, um belo obstáculo para acabar com a máfia. O rapaz é morto, a culpa recai sobre Bullit. Óbvio que ele não aceita o fracasso e faz de tudo para limpar seu nome, além de descobrir quem foram os criminosos que tiraram a vida da testemunha. Aí segue uma trama cheia de reviravoltas, tiros, corridas e muito sangue. O filme é ambientado numa nova era do cinema, em que a violência começava a se tornar mais gráfica e menos glamourosa. McQueen se encaixa como uma luva no contexto do protagonista, ao lidar com sua dualidade. Afinal, Bullitt é o mocinho, mas com atos de anti-herói, pois burla a própria lei, muitas vezes, para conseguir fazer justiça. Ele não o incorruptível clássico do gênero. Ao mesmo tempo, não é alguém que troca de lado de acordo com a maré. O tenente tem sua própria moral, colocando-a acima de tudo para chegar ao resultado necessário. O filme recebeu o merecido Oscar de Melhor Montagem, mas tornou-se icônico por seu pé no realismo para um longa considerado noir e um personagem tão emblemático que faz crescer o título. Algo que nem sempre acontece quando falamos de carros e pilotos. – por Matheus Bonez
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