É o som da bateria que dá ritmo à história, ora mais calma, ora numa incessante agressividade. O diretor e roteirista Damien Chazelle já mostrava sua paixão pelo jazz dois anos antes do sucesso com La La Land: Cantando Estações (2016), nesta trama de obsessão que une dois personagens tão fascinados pela música quanto por serem os melhores. Miles Teller vive o baterista que está numa das melhores escolas musicais do mundo. J. K. Simmons é o professor não apenas exigente ao extremo, pois humilha, fazendo repetir movimentos até sangrar. Ele não acredita em elogios ou em passar a mão na cabeça. Para o mestre, condescendência é o caminho para a mediocridade. Tem que ser duro, ir além dos limites, sem choro. É uma troca psicológica violenta em que o protagonista precisa provar a todo instante porque é o melhor baterista da turma. Não é uma relação de passividade. O personagem de Teller é como uma versão mais nova do técnico. Ele se submete aos testes, aos berros, às cadeiras jogadas, porque quer estar acima de todos. Assim, Chazelle prioriza os planos fechados em seus personagens para mostrar a angústia, bem como a montagem, cada vez mais frenética, demonstra o que se passa na mente enfurecida de ambos. Este longa é violento, inventivo e dono de uma musicalidade pouco vista no cinema atual. – por Matheus Bonez