Revisitando a temática que já lhe valera uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, por Colheita Amarga (1985), a polonesa Agnieszka Holland conquistou aclamação internacional ainda maior com este drama baseado na história real de Solomon Perel. Vivido por Marco Hofschneider, Solomon é um jovem judeu alemão de 16 anos que foge com a família para a Polônia após um ataque que vitima sua irmã. Novamente ameaçado pela caçada nazista, o garoto acaba separado dos pais e do irmão mais velho, iniciando um turbulento percurso que o leva, primeiro, a um orfanato soviético administrado pelo Partido Comunista, e, segundo, a se juntar à Juventude Hitlerista. Holland narra essa sucessão de fatos, beirando o insólito, com extrema sensibilidade, mesclando a jornada de luta pela sobrevivência à de amadurecimento, com a descoberta da dor da perda, do prazer do sexo e do primeiro amor – na figura da bela Leni (Julie Delpy). Entre a exposição da ignorância radicalista – vide a cena em que o professor nazista examina o protagonista e o declara um “exemplar puro da raça ariana” – e a violência da guerra, a cineasta trata de uma questão maior: a busca pela identidade e a liberdade de ostentá-la, sintetizada no tocante desfecho em que o verdadeiro Solomon, já adulto, surge em cena entoando um canto em hebraico. Além do sucesso, o longa também gerou polêmica, sendo rejeitado pela Alemanha como seu candidato à vaga no Oscar. Ainda assim, o trabalho de Holland foi indicado pela Academia na categoria de Roteiro Adaptado e recebeu diversos outros prêmios, como o Globo de Ouro. – por Leonardo Ribeiro