Cristiane Oliveira, companheira de Gustavo Galvão, já havia atuado como produtora dos dois longas dele – Nove Crônicas para um Coração aos Berros (2012) e Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa (2013) – além de ter participado, como diretora assistente ou na produção, de títulos de destaque, como Ainda Orangotangos (2007), de Gustavo Spolidoro, e Diário de um Novo Mundo (2005), de Paulo Nascimento. Sua estreia como realizadora, portanto, não chegou a ser uma surpresa. Isso não impediu, no entanto, de se revelar extremamente gratificante. Ambientada em uma região próxima à fronteira do Brasil com o Uruguai, a história dessa menina (Maria Galant, uma verdadeira revelação), órfã de mãe, que precisa lidar com o repentino falecimento da avó – sua única figura materna – e com a situação enfrentada pelo pai, que é cego e vive com poucos recursos, não só é um conto de amadurecimento, como também uma delicada jornada de uma personagem em busca de seu lugar no mundo. A chegada da professora uruguaia, interpretada por Verónica Perrotta (premiada como Melhor Atriz Coadjuvante no Festival do Rio), não só irá provocar uma desestabilização nesse frágil contexto, mas também servirá como choque de realidade. Afinal, é preciso crescer, não importando o quão dolorido seja esse processo. Selecionado para a mostra Geração 14plus do Festival de Berlim, o filme foi ainda premiado no evento carioca com os troféus Redentor de Melhor Direção e Fotografia, além de ter ganhado o prêmio da crítica na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Reconhecimentos à altura de uma obra que, mais do identificar uma geração em mudança, faz jus a qualquer expectativa levantada a seu respeito.
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