Baseado na peça teatral escrita no início dos anos 1970 por Oduvaldo Vianna Filho, Rasga Coração é a volta do cineasta Jorge Furtado ao primeiro time do cinema nacional – não que alguma vez ele tenha saído de lá, mas após os irregulares Real Beleza (2015) e Quem é Primavera das Neves (2017), estava mais do que na hora de um dos maiores contadores de histórias do cenário cultural brasileiro entregar novamente um trabalho de impacto. Colocando frente a frente duas – ou três – gerações de uma mesma família, ele discute ativismo político, engajamento social e consciência dos problemas que todos nós enfrentamos, ontem e hoje, e que provavelmente seguirão por aqui também amanhã. Dono de um elenco primoroso, liderado por um Marco Ricca mais uma vez excepcional, o filme ganha aplausos também pelas excelentes performances de Chay Suede e João Pedro Zappa, ambos como duas versões de uma mesma moeda, ainda que separados por algumas décadas, além de Drica Moraes, George Sauma, Luisa Arraes e Nelson Diniz, entre outros. Mais atual do que nunca, chegou às telas somente no final do ano, após ter sido exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio. Repleta de diálogos memoráveis e de situações conduzidas com extremo cuidado, é uma história que, mais do que ser assistida com atenção, merece uma justa e apropriada reflexão que irá durar por muito tempo após o seu término.