Na décima posição do Top Melhores Filmes de 2018 está Benzinho, para a nossa alegria, um dos dois exemplares brasileiros da eleição. Com tintas sensíveis, o cineasta Gustavo Pizzi faz um longa-metragem afetivo, cercado de pessoas queridas – como a ex-esposa, e parceira profissional Karine Teles, e os dois filhos do casal –, no qual sobressai uma vontade de observar vínculos, sejam eles de quaisquer naturezas, a partir de perspectivas longe do reducionismo ou de algo que o valha. Tudo parece desmoronar silenciosamente quando o filho mais velho traz a notícia de uma oportunidade para explorar seu talento de atleta na Alemanha. Karine vive a mãe que sente imensa dificuldade para lidar com a evasão filial, demonstrando desconforto, não diante do êxito e do reconhecimento de seu rebento, mas por conta do conflito que ela não precisa verbalizar para compreendermos. Assim como ter filhos demarca uma espécie de rito de passagem, a saída do primeiro deles do ninho também acaba se tornando um evento emblemático. Organicamente, vemos as tensões que assolam essa mulher e, concomitantemente, a necessidade dela, como sustentáculo familiar, o pilar mais forte, de lidar com os planos mirabolantes do marido, cuja capacidade de apostar nos sonhos é cativante, e as demandas da irmã que tem dificuldades para desligar-se de um casamento falido. Benzinho, escolhido para representar o Brasil no Goya, infelizmente não selecionado para concorrer ao Oscar espanhol, é um filme empenhado em radiografar amores, convivências e vicissitudes de um modo natural e terno.
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