Uma história de amor entremeada por discussões singelas sobre a beleza. O jovem que passa o veraneio na propriedade europeia da família encontra um homem mais velho que lhe desperta sentimentos avassaladores. Me Chame Pelo Seu Nome é um daqueles filmes em que o envolvimento dos protagonistas não é apenas visto, observado pura e simplesmente, porque o diretor consegue construir uma atmosfera quase palpável. É assim quando Oliver (Armie Hammer) toca o ombro de Elio (Timothée Chalamet), provocando neste uma sensação bem expressada tanto pelo talento do jovem intérprete quanto pela câmera de Luca Guadagnino, que se detém na importância e a ressonância do gesto. Num espaço idílico, aparentemente descolado dos problemas cotidianos, no qual os personagens supostamente estão despidos de preocupações, esse amor não é problematizado, pivô de um escândalo familiar ou algo que o valha. A troca de carícias entre os homens não é vista como motivo de alvoroço, a não ser para o menino-homem que gradativamente se vê perto de uma plenitude nunca antes alcançada. É tão bonito ver a troca de olhares entre Elio e Oliver, as carícias carregadas de erotismo que incendeiam essa paixão, o mergulho de ambos num elo afetuoso intenso, embora desde sempre permaneça a ideia da impossibilidade. Não porque falte amor, não pela oposição das pessoas, mas pelos desvãos da vida, os que se encarregam de terminar belos romances aparentemente eternos. Me Chame pelo Seu Nome é uma obra-prima que, ainda, nos brinda com dois momentos sublimes. O primeiro, a conversa emocionante com o pai vivido por Michael Stuhlbarg, um primor. O segundo, a cena final, com o choro dominando a telona, monopolizando a nossa atenção, e nos convidando às lágrimas.