Paul Thomas Anderson é um dos maiores cineastas norte-americanos de sua geração. Senão o maior. E seu estilo diretivo minucioso, atento à potência dos detalhes, atinge uma elegância peculiar em Trama Fantasma. O protagonista é Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis), estilista que tem uma relação obsessiva com seu trabalho internacionalmente reconhecido. Envolto num cotidiano luxuoso e marcado pela reclusão, ele passa os dias criando vestidos cobiçados por princesas e rainhas, seguindo uma rotina bastante estrita que inclui, por exemplo, um café da manhã silencioso. Na residência que, concomitantemente, exala luxo e uma atmosfera opressiva, resultado das relações encruadas ali mantidas, vive também a irmã dele, Cyril (Lesley Manville), que alimenta os caprichos do gênio. Portanto, a chegada de Alma (Vicky Krieps), antes garçonete, rapidamente alçada a categoria de nova musa do artista requisitado, quebra um ciclo. Ela é simples, possui uma forma menos empolada de interagir, sendo dada a expressões frontais dos sentimentos. É absolutamente genial, por exemplo, a forma como Anderson cria um momento de extrema tensão no desjejum, principalmente por meio do trabalho de som. Cada movimento de Alma ganha um volume exagerado, nutrindo a crescente irritação do personagem de Daniel Day-Lewis, mostrando através da manipulação de que maneira ele percebe simples mordiscares de uma torrada. Com ecos de Alfred Hitchcock, especialmente de Rebecca: A Mulher Inesquecível (1940) e Suspeita (1941), curiosamente filmes subsequentes do gênio britânico, Trama Fantasma é um longa-metragem para não deixar dúvida quanto ao talento imenso de seu realizador. Esperamos, ainda, que, diferentemente do alardeado, não seja o último de Daniel Day-Lewis, que aqui é, como de costume, acima da média.
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