“A potência do título Era Uma Vez em… Hollywood se revela em sua totalidade apenas no encerramento desconcertante da mais nova produção de Quentin Tarantino, uma espécie de conto da Carochinha com um dos pés nos episódios e no clima que mudaram Hollywood no fim dos anos 60 e o outro na fabulação de ocorrências que atravessam os eventos factuais, conhecidos especialmente por quem se interessa pela eclosão desse movimento de transformação denominado Nova Hollywood. Em 1969, ano no qual a trama se passa, os Estados Unidos tinham o seu tecido social atravessado por toda sorte de agitações oriundas do choque entre a América puritana, cultora da tradição e dos bons costumes, e a América desbragadamente “vulgar”, que postulava coisas como sexo livre e direitos iguais a todos. É nesse recorte bastante específico que se encontra Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), sucessivamente escalado para viver os antagonistas de faroestes televisivos e seu fiel escudeiro, Cliff Booth (Brad Pitt), dublê e faz-tudo com um passado de homicídio nas costas (…) Aliás, o western tem papel fundamental em Era Uma Vez em… Hollywood. O gênero – então em decadência, exatamente como o seu astro, Rick – empresta expedientes essenciais para que Tarantino substancie o elo entre o passado cheio de charme e o presente caracterizado pelo vigor”.

:: Confira na íntegra a crítica de Marcelo Müller ::

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.