A gente passa 90 minutos acompanhando uma lenga-lenga tremenda. Primeiro, a tentativa de conferir espessura dramática aos adolescentes que em breve defenderão a Alameda dos Anjos dos ataques de Rita Repulsa (Elizabeth Banks). A dinâmica da detenção no sábado remete, de certa maneira, a Clube dos Cinco (1985), uma espécie de fonte inesgotável de referência quando cineastas precisam falar sobre os problemas inerentes à adolescência. A alusão faria sentido caso o cineasta Dean Israelite realmente estivesse disposto a tonar os personagens mais que meros recheios de carne e osso às armaduras coloridas utilizadas pelos super-heróis de plantão, que remontam a uma luta antiga. Segundo, a embromação para que os protagonistas se transformem, de fato, em Rangers, para que morfem. Na série de televisão era mais simples, bastava empunhar o morfaror, dizer “é hora de morfar” e pronto. Aqui, não. Todos precisam se conhecer, se “despir das máscaras” para conseguir uma conexão real. Novamente, tal expediente funcionaria, caso o cineasta estivesse realmente disposto a substanciar psicológica e emocionalmente os personagens. Mas, não. Acaba que o suspense se torna contraproducente. Mas, ok, em dado momento eles conseguem morfar. O que acontece nos últimos 30 minutos? Uma lutinha mequetrefe contra asseclas de pedra, que quebram ao menor golpe. Logo se apela a uma escala maior, ou seja, aos zords. Visualmente, a luta dos veículos em forma de dinossauro contra o antagonista feito de ouro é uma bagunça daquelas. Não dá para discernir tampouco a forma correta dos robôs. Enfim, Power Rangers é uma tentativa, repleta de boas intenções, mas cujas falhas de execução provavelmente enterram a franquia nas profundezas de alguma produção televisiva, longe do cinema.
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