E por mais incrível que pareça, Aquaman não foi o pior filme de super-heróis do ano – e nem mesmo numa visão mais geral da produção cinematográfica de 2018. Esse título vergonhoso coube à Venom, a primeira incursão do vilão do Homem-Aranha como protagonista na tela grande. Afinal, para quem não se lembra, o personagem já havia dado o ar da graça no problemático Homem-Aranha 3 (2007), porém na pele do franzino Topher Grace. Mais de uma década se passou e agora o simbionte alienígena está de volta mais bombado, irritado e irritante, vivido por Tom Hardy, um ator interessante, mas que parece não dar muita sorte em suas escolhas mais recentes – ninguém se lembra dele em Dunkirk (2017), e tanto Lendas do Crime (2015) quanto Crimes Ocultos (2015) são facilmente esquecíveis. Porém, ao assumir a liderança da história, por que não mantê-lo fiel às suas origens? Deturpa-se tudo em uma tentativa pífia de agradar o espectador médio, e o que se vê é um bandido intergaláctico tendo de assumir a postura de salvador da pátria, virando um herói às avessas. Hardy se esforça para defender o personagem, Michelle Williams como a mocinha não-tão-indefesa devia estar com alguns boletos atrasados, e Riz Ahmed provoca mais risos – ou indiferença – do que medo, no papel do antagonista. Mesmo assim, o filme arrecadou absurdos US$ 854 milhões no mundo inteiro – uma das maiores bilheterias do ano – e já teve uma continuação aprovada. Se continuar assim, já temos os piores dos próximos anos eleitos por antecipação!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.