20181227 15h17 trem para paris papo de cinema

Quando se poderia imaginar que um longa dirigido por Clint Eastwood iria terminar numa lista de piores do ano? Bom, diante de 15h17: Trem para Paris, prever que algo assim acabaria acontecendo é até um tanto óbvio. Pois o cineasta vencedor de quatro Oscars por Os Imperdoáveis (1992) e Menina de Ouro (2004) se inspirou em um episódio real para narrar a história de três americanos que, mais por sorte que técnica ou conhecimento, acabam impedindo um ataque terrorista na Europa. O que Eastwood deixa claro na condução de sua trama é uma total falta de distanciamento, aplaudindo seus protagonistas o tempo inteiro como se fossem verdadeiros heróis, e não uns garotos inconsequentes que, por força do destino, acabaram fazendo a coisa certa no pior momento possível. Para deixar as coisas ainda mais ruins, ele chamou os próprios protagonistas para interpretarem a si mesmos em cena, e o resultado, como seria de se esperar, é, no mínimo, constrangedor. Há muito tempo não se via um conjunto de atuações tão medíocres. No entanto, o patriotismo exagerado é o verdadeiro grande problema, pois não há um olhar crítico sobre o ocorrido, com o cineasta procurando sempre oferecer um elogio forjado, mesmo diante de tantas possibilidades de se olhar para o evento em questão por outros prismas. Um desperdício, portanto, justamente de um dos maiores cineastas hollywoodianos ainda em atividade. O que torna tudo ainda pior, é claro.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)