“Cats ostenta uma ambição singular: apresentar uma tecnologia jamais vista, transformando o famoso musical da Broadway numa experiência realista e, presume-se, mais imersiva ao espectador. Este é um projeto vaidoso do diretor Tom Hooper, cujo currículo repleto de prêmios da indústria (Oscar, Globo de Ouro etc.) o levou a buscar uma forma de espetáculo superlativa, ainda mais colorida, mais frenética, mais impressionante. É neste aspecto que a adaptação cinematográfica queima suas asas, ao abandonar o humanismo presente na base da peça de teatro para se focar na retórica do show, nas músicas em si, nos cenários, nas luzes, nos pêlos colados digitalmente ao corpo de grandes astros de Hollywood. O filme embala um conteúdo magérrimo numa caixa gigantesca e lustrosa (…) O projeto possui dificuldades em quesitos muito simples, como contar sua história. Passada mais de metade da narrativa, ainda é difícil compreender quem é cada personagem, que papel executa naquela narrativa, o que deseja, e que maneira se relaciona com os demais. Informações importantes são despejadas na trama sem explicações prévias: um gato será escolhido para ganhar uma nova vida, mas por quê? Seria o espaço das ruas de Londres uma espécie de purgatório? Como a escolha dos Jellicle Cats se relaciona com as sete vidas destes animais? De que maneira a Old Deuteronomy (Judi Dench) foi encarregada de fazer esta escolha, e com quais critérios? Diante destas indefinições, nossa protagonista Victoria (Francesca Hayward) apenas transita de cenário em cenário, de um número musical ao outro, sem dizer o que almeja, nem se relacionar de fato com outros gatos”.
:: Confira na íntegra a crítica de Bruno Carmelo ::
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