“Em Paulo de Tarso e a História do Cristianismo Primitivo o diretor André Marouço estabelece como esqueleto narrativo um tripé composto de imagens documentais emolduradas por uma soporífera narração em off, o testemunho de homens (de fé) que representam áreas do conhecimento e a dramatização de passagens consideradas importantes. Portanto, tais dinâmicas são, em tese, complementares do ponto de vista informativo, uma vez que, para além da pregação aos convertidos, é clara a vontade de revestir convenientemente o dogma com contornos factuais (…) A falta de um itinerário estético-narrativo que faça sentido passa pela simplória ilustração dos relatos bíblicos com vislumbres extenuantes e aparentemente aleatórios de afrescos, mosaicos, ruínas e toda sorte de frutos da produção artístico-arquitetônica em que é possível perceber o registro da ancestralidade do cristianismo. Há uma asfixiante sensação de que pouca coisa faz sentido nessa associação gratuita, servil ao antes mencionado propósito canhestro de atrelar aos eventos relatados na bíblia uma pretensa veracidade histórica que valide a crença. Assim, milagres atribuídos ao apóstolo são equivalidos às tradições das civilizações atravessadas pela gênese do catolicismo”.
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