Calvero, de Luzes da Ribalta (1952)

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Rodrigo de Oliveira

Este longa-metragem lançado em 1952 foi concebido por Charles Chaplin como seu último trabalho. O roteiro (e seu desfecho) não deixa muito espaço para dúvidas quanto a isso. O artista estava perdendo audiência e a melancolia capturada nesta realização seria, em sua visão, um réquiem adequado. Ele viria a lançar outros dois longas posteriormente, mas nenhum com tamanha ternura e temática tão agridoce. A trama, assinada pelo cineasta, é ambientada em Londres, em 1914. Lá, Chaplin vive o liquidado palhaço Calvero, humorista de grande sucesso no passado, mas que deixou seus melhores dias para trás. Com problemas com a bebida, Calvero sonha em voltar aos palcos e conquistar o riso da plateia como antes. Certo dia, chegando ao prédio onde mora, ele salva uma vizinha que tentava o suicídio. Ela é a dançarina Terry Ambrose (Claire Bloom), mulher que sente pânico de se apresentar e, por isso, sem sua arte, resolve deixar o mundo de vez. O protagonista a acolhe em seu apartamento e a ajuda a se recuperar – ao mesmo tempo, reabilitando a si mesmo. Um romance surge entre os dois, apesar da diferença de idade. Eis que aparece a chance de ambos voltarem aos palcos juntos, num mesmo espetáculo. Mas a distância entre o talento promissor da jovem e a veia de humor vacilante do velho palhaço pode causar rupturas incontestáveis. É um drama com pitadas de humor de real peso, que consegue desenvolver seus protagonistas de forma intensa e transmitir uma ternura totalmente condizente com os trabalhos de Chaplin.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.

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