Grimm, de Não Tenho Troco (1990)

Publicado por
Leonardo Ribeiro

Baseado no livro homônimo de Jay Cronley, que anteriormente rendera uma adaptação francesa, Hold-Up (1985), com Jean-Paul Belmondo, este longa marca a primeira e, até hoje, única incursão de Bill Murray na direção, assumindo o posto ao lado do roteirista Howard Franklin devido à indisponibilidade de Jonathan Demme. Na trama, Murray vive Grimm, homem cansado do caos de Nova York que elabora um plano para assaltar um banco e abandonar a cidade. Contando com o auxílio da namorada, Phyllis (Geena Davis), e do amigo de infância, Loomis (Randy Quaid), o ladrão, vestido de palhaço, coloca em prática sua improvável estratégia, despistando a polícia e fugindo do local em posse de um milhão de dólares. Se a execução do golpe ocorre sem maiores problemas, a simples tarefa de chegar ao aeroporto, porém, irá se mostrar praticamente impossível. Após o hilário primeiro ato, que opera como uma espécie de paródia de Um Dia de Cão (1975), o longa adentra a tentativa de fuga do trio principal, frustrada pelas particularidades nova-iorquinas, que chegam a um nível insólito quase kafkiano, ao estilo Depois de Horas (1985), de Martin Scorsese: placas de sinalização incorretas, um motorista de ônibus  insano (Philip Bosco), um taxista estrangeiro que não fala inglês (Tony Shalhoub) ou ainda a dificuldade para conseguir troco à qual se refere o título. Ancorada no talento de seu elenco, que traz também o grande Jason Robards no papel do chefe de polícia, a comédia abre espaço para uma das melhores atuações da carreira de Murray, proferindo um número incontável de ótimas tiradas ácidas e réplicas rápidas, e formando um par romântico dos mais carismáticos com Davis.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é formado em Publicidade e Propaganda pelo Mackenzie – SP. Escreve sobre cinema no blog Olhares em Película (olharesempelicula.wordpress.com) e para o site Cult Cultura (cultcultura.com.br).

Últimos artigos deLeonardo Ribeiro (Ver Tudo)