Estreia prevista para 15/02/2018
“Enquanto nós ficávamos na linha de frente e derrotamos Hitler e os alemães, vocês estavam são e salvos em casa.” A frase de um dos protagonistas deste longa de Dee Rees evidência o racismo exacerbado da América dos anos 40, mas também o de hoje. O rapaz, negro, lutou contra os alemães na Segunda Guerra Mundial. Foi à batalha. Era tratado como igual na Europa. Mas foi apenas chegar em casa, nos EUA, para voltar a ter de entrar e sair pela porta dos fundos, por ser considerado inferior. Na galeria de personagens ao seu redor, temos um idoso racista que não sabe soltar uma palavra de carinho nem para a própria família, uma mulher, branca, que vive desiludida num isolamento, seu marido, da mesma cor, um fazendeiro com problemas no campo. Do outro lado, seu pai, um negro que sonha em ter suas próprias terras. Sua mãe, alguém que cria os filhos para irem além daquela vida isolada. E, claro, o que acaba por se tornar seu melhor amigo, outro combatente, branco, que voltou da mesma Guerra, traumatizado, mas sem a carga de preconceito que os outros membros da família. Com o fluxo narrativo interligado, as histórias desses personagens se conectam para contar uma história de preconceito racial e também misoginia. Um trabalho de montagem, o melhor de 2017, por costurar tão bem palavras e imagens com atuações profundas e igualitárias no quesito qualidade. O roteiro baseado no livro da escritora Hillary Jordan entende e, mais importante, apresenta todos os personagens com suas formas e cores, com vários tons de cinza. Ainda mais quando desconstrói o sonho americano de forma tão agridoce. Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi é uma das críticas mais ferozes à questão racial no chamado país de Primeiro Mundo. Não só de ontem, mas de hoje, também.
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