Estreia prevista para 01/03/2018
Quando mencionamos Orlando, na Flórida, o que vem à cabeça, quase instantaneamente, é a profusão de parques temáticos existentes na cidade, especialmente a Disney mais famosa. Sean Baker, porém, não parece especialmente interessado nesse viés turístico, afora o que ele ajuda a marginalizar. Ao cineasta, significativos e sintomáticos são os contrastes, afinal de contas a trama de Projeto Flórida se desenvolve num hotel de temporada, habitado por toda sorte de renegados, desempregados, grosso modo, de nômades que vivem em constante movimento por falta de opção. A grande protagonista do longa-metragem é Moonee (Brooklynn Prince, num desempenho excepcional), que passa seus dias entre as traquinagens com os amigos de sua idade e o convívio com mãe, a jovem Halley (Bria Vinaite), que não exibe um comportamento adequado às convenções do papel maternal que lhe cabe. As situações, as ações e reações vão ditando esse desenho amplo de um panorama desalentador, formado por uma gente criada longe das regalias das classes abastadas. A narrativa exala frescor, pois a câmera não se detém inutilmente em algo, otimizando cada deslocamento dentro de uma estrutura que privilegia a complexidade residente no simples. O personagem de Willem Dafoe desempenha a função de testemunha impotente dessa cadeia de reprodução de miséria, demonstrando humanidade mesmo quando sua posição profissional lhe exige pragmatismo acima de qualquer coisa. Um grande filme, que consolida Sean Baker como um dos cineastas norte-americanos mais inventivos da atual seara independente.
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