Estreia prevista para 30/01/2020
“A primeira sequência de Açúcar impressiona pela beleza plástica e a potência simbólica. Um barco à vela (vermelha encarnada) atravessa um canavial da Zona da Mata, conduzindo a protagonista, Maria Bethânia (Maeve Jinkings), de volta à casa grande do engenho Wanderley, propriedade de sua família, num clima onírico. O cenário carcomido pelo tempo, tornado obsoleto e absolutamente anacrônico por sua estrutura interna, representa a falência, melhor dizendo, a obsolescência de uma forma de ver o mundo. Enquanto tira a poeira de objetos antigos, a mulher tenta silenciosamente conectar-se novamente com o local bastante modificado, mas que tem gosto de infância e tradição. Ao largo, há um centro cultural capitaneado por negros outrora empregados da fazenda ou descendente deles, atualmente donos de fatias do terreno, empenhados em transmitir uma herança cultural historicamente abafada pela sanha violenta do homem branco. A presença de Bethânia é um ruído, uma tentativa de retomar o poder (…) O principal acerto do filme é a relação estabelecida entre os cenários naturais e a protagonista. Dessa sensível mescla nascem sequências bastante bonitas. Contudo, o desenvolvimento dessa fábula ambientada na Zona da Mata é combalido por um excesso flagrante de simbolismos indomados”.
:: Confira na íntegra a crítica de Marcelo Müller ::
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