Estreia prevista para 19/03/2020
“Por mais que as investigações da Lava-Jato estejam associadas à prisão de políticos e empreiteiros, o roteiro de Três Verões trata de lembrar que as consequências vão além do setor privilegiado da sociedade. Famílias e dependentes dos investigados sofrem as consequências, o que inclui o quadro de funcionários. Nesta curiosa mistura de comédia e drama, a diretora Sandra Kogut decide investigar a corrupção no Brasil, orquestrada pelas altas classes, transbordando até afetar um pequeno grupo de caseiros e faxineiras de uma mansão à beira mar onde Edgar (Otávio Müller) e Marta (Gisele Fróes) costumam passar o fim do ano. Quando o patrão é preso, o que será dos trabalhadores dependentes daquele lugar? (…) O principal questionamento diz respeito ao discurso obtido a partir desta comicidade, ou seja, seu ponto de vista. Em algum momento se problematiza a representação parcamente civilizada das classes populares? Quando o horizonte de liberdade de Madá se limita a ver os fogos de Ano Novo do quartinho de empregada, ao lado da máquina de lavar, existe crítica à imobilidade social, ou se transmite a impressão de que a personagem está feliz assim? Quando se inclui tantos termos em inglês, em pronúncia errada pela personagem, estamos criticando a falta de acesso à informação, ou apenas nos divertindo com a suposta ignorância dos pobres? Quanto à corrupção, tema permanente, porém deixado em pano de fundo, o que ela nos diz sobre o Brasil atual, para além da caricatura “patrão rico e malicioso versus empregado pobre e inocente”?”
:: Confira na íntegra a crítica de Bruno Carmelo ::