O Rio de Janeiro continua lindo, mesmo que várias facetas não tão belas assim da Cidade Maravilhosa estejam expostas nas várias histórias de Rio, Eu Te Amo (2014), produção que chega às telonas esta semana. Conhecida por suas praias, belos corpos, o Carnaval mais abundante do Brasil e pela violência, todas as facetas da cidade já foram mostradas no cinema. Por isso a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger os dez filmes que levam o nome da cidade em seu título. Será que seu favorito está por aqui? Confira!
Voando para o Rio (Flying Down to Rio, 1933)
Quem diria que o Rio de Janeiro seria destaque em um clássico da década de 1930? Neste filme dirigido por Thornton Freeland, a Cidade Maravilhosa é palco para a história de amor de Roger (Gene Raymond), um músico americano, e Belinha de Rezende (Dolores del Rio), uma bela aristocrata brasileira. Como a garota voltou ao Brasil para se casar com um homem só para salvar seu pai, Roger e sua banda liderada por Fred (Fred Astaire) e Mel (Ginger Rogers), viajam para terrar tupiniquins para impedir o casamento. Voando para o Rio foi o longa mais famoso estrelado pela mexicana Dolores del Rio em Hollywood e foi indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora Original em 1934 para a canção The Carioca. O musical também foi a estreia da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers dançando juntos. Para quem gosta de um bom clássico do gênero, uma boa pedida. Ainda mais com o sotaque carioca. – por Matheus Bonez
Uma Noite no Rio (That Night in Rio, 1941)
O clássico Chica Chica Boom Chic é a canção de abertura deste musical dirigido por Irving Cummings e protagonizado por Don Ameche, Alice Faye e Carmen Miranda. A atriz luso-brasileira nascida em Los Angeles é a namorada de Larry (Don Ameche), artista que, a pedido do falido Barão Manuel Duarte (Ameche novamente), se passa pelo ex-rico empresário em um baile de máscaras. O problema é que Larry se apaixona pela esposa do Barão (Alice Faye) e a ciumenta namorada Carmen (Miranda) descobre tudo. A cantora rouba a cena toda vez que aparece, seja pelos números musicais ou seu timing cômico, mesmo sabendo pouco inglês. Por sinal, ela teve que decorar as falas foneticamente antes de poder filmar. Além de tudo, Uma Noite no Rio é uma das produções mais divertidas da época ao apresentar uma comédia de erros eficiente e recheada de canções inesquecíveis como Mamãe, eu quero e Cai-Cai. – por Matheus Bonez
Rio 40 Graus (1955)
Rio 40 Graus é o marco zero do Cinema Novo (maior movimento cinematográfico brasileiro). Diferente das chanchadas que dominavam a produção nacional, o filme de Nelson Pereira dos Santos foi inovador por captar o pulsar das ruas, sobretudo a condição desfavorável de boa parte da população. Um bom instrumento para aferir a eficácia do filme no quesito crítica social foi a censura pelos militares, eles que alegaram “mensagem mentirosa”, num arroubo de dissimulação da realidade (em prol de quem?) mal disfarçada de patriotismo. Na esteira de Rio 40 Graus veio uma série de outros filmes preocupados em radiografar nossa sociedade para além dos panfletos turísticos que vendiam o Brasil apenas como paraíso tropical. Na trama do longa, acompanhamos de perto cinco garotos de uma favela que vendem amendoim num domingo tipicamente carioca, ou seja, com calor escaldante e jogo no Maracanã. O Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, aqui não se presta a cartão postal, mas a microcosmo da desigualdade que assolava (e infelizmente ainda assola) o Brasil como um todo. – por Marcelo Müller
Rio Babilônia (1982)
Neville D’Almeida foi um dos diretores mais atuantes na década de 1970 e 1980, com histórias picantes e cheias de malícia. Duas adaptações de Nelson Rodrigues foram marcantes e renderam boa bilheteria à época: A Dama do Lotação (1978) e Os Sete Gatinhos (1980). Sem o bom resultado destas produções, certamente não seria possível o longa-metragem seguinte, Rio Babilônia, uma história cheia das belezas da Cidade Maravilhosa, misturada a um pouco de mistério, de drama e, claro, muito sexo. Joel Barcellos, Christiane Torloni, Jardel Filho e Denise Dumont estrelam o filme que foi premiado no Festival de Gramado em 1983, onde foi exibido na Mostra Competitiva, saindo da Serra Gaúcha com os kikitos de Melhor Figurino e Cenografia. O filme já abre com cenas do Corcovado – mais carioca impossível – ao som da faixa título, cantada por Robson Jorge e Lincoln Olivetti, entrecortando com cenas das praias e das beldades cariocas. Destaque para as participações especiais dos onipresentes Paulo César Pereio e Norma Bengell e da forma como D’Almeida consegue capturar os cenários do Rio. – por Rodrigo de Oliveira
Feitiço do Rio (Blame it on Rio, 1984)
No início dos anos 1980, quando o Brasil ainda era um lugar estranho e exótico aos olhos estrangeiros – não que hoje em dia seja muito diferente, mas vá lá… – Hollywood promoveu uma combinação bem exótica nessa comédia romântica que se pretendia oferecer um pouco da ‘latinidade’ a uma trama que atualmente não seria vista com olhos tão benevolentes. Dois velhos amigos – o inglês Michael Caine e o americano Joseph Bologna, ambos na faixa dos 50 anos – decidem passar alguns dias de férias no Rio de Janeiro com suas famílias e o inevitável acontece: um acaba se apaixonando pela filha do outro – Demi Moore e Michelle Johnson, respectivamente. No elenco, é curioso prestar a atenção dos talentos nacionais que acabaram envolvidos, como José Lewgoy, Nelson Dantas e Rômulo Arantes, entre outros. Indicado às Framboesas de Ouro como Pior Revelação do Ano (Johnson), este filme chama atenção também por quem assina a direção: o oscarizado Stanley Donen, realizador de clássicos como Cantando na Chuva (1952) e Cinderela em Paris (1957), que aqui encerrou sua carreira com um passo em falso fácil de esquecer – e de perdoar. Uma bobagem alegre e descartável, que deve ser vista como retrato de uma época em que todos se acreditavam mais inocentes, ou menos globalizados. – por Robledo Milani
Como Ser Solteiro no Rio de Janeiro (1998)
Também conhecido por sua versão reduzida – Como Ser Solteiro, que na opinião de alguns era mais “comercial” – essa comédia tipicamente carioca marcou a estreia da diretora e roteirista Rosane Svartman, que apesar de ter começado sua carreira com essa pegada jovem e atrevida, hoje em dia tem se acomodado em universos mais infanto-juvenis, como prova o filme Tainá 3: A Origem (2011) e a novelinha global Malhação (2012-2013), seus trabalhos mais recentes. Quando Cláudio, um tímido jornalista (Ernesto Piccolo), decide fazer do seu melhor amigo, o galã Ricardo (Heitor Martinez), fonte de pesquisa para uma matéria sobre as relações amorosas contemporâneas na cidade mais declaradamente romântica do país, nem ele imaginava quantas possibilidades de ligações, paixões, envolvimentos e transas seriam possíveis de se imaginar – e, principalmente, experimentar! Marcos Palmeira, em uma versão bem afetada, chama atenção por dar um toque mais colorido ao cenário desenhado, mas é na velha guerra dos sexos que o filme se baseia – e encontra também sua força. – por Robledo Milani
Agente 117: Rio Não Responde Mais (OSS 117: Rio ne répond plus, 2009)
Antes de ganharem seus respectivos prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator no Oscar por O Artista (2011), Michel Hazanavicius e Jean Dujardin estrelaram a continuação das aventuras do agente secreto francês em terras cariocas. A comédia que satiriza James Bond se passa nos anos 1960, quando o agente Hubert Bonisseur de la Bath (Dujardin) é enviado em uma missão especial para o Rio de Janeiro. Ele precisa encontrar um ex-nazista do alto escalão que, depois da Segunda Guerra Mundial, se refugiou no Brasil. Além da Cidade Maravilhosa, o espião passa por outras cidades brasileiras, visitando a capital federal e passando pelas Cataratas do Iguaçu. A trilha é uma deliciosa bossa nova, as gags são hilárias e os trajes de banho remetem à época. Um longa divertido e inocente que merece estar nesta lista por causar tantas gargalhadas. – por Matheus Bonez
Rio (2011)
Depois do sucesso alcançado com a franquia A Era do Gelo, o diretor brasileiro Carlos Saldanha ganhou a oportunidade de desenvolver uma animação que tem como pano de fundo sua terra-natal: o Rio de Janeiro, para ser mais específico. E assim tomou forma Rio, que segue as aventuras de Blu (voz de Jesse Eisenberg), uma arara azul macho que, depois de ser sequestrada por contrabandistas, busca voltar para sua dona ao lado da companheira de espécie Jewel (voz de Anne Hathaway), com quem não tem o melhor dos relacionamentos. Ao longo do filme, a história se revela bem previsível e clichê, mas isso é compensado pelo carisma dos personagens e pela energia das belas sequências musicais, aspectos que divertem e mantêm a atenção do público durante a maior parte do tempo. Mas Rio também acaba sendo uma boa desculpa para que Saldanha mostre toda a beleza da Cidade Maravilhosa, com o cineasta investindo em planos quase contemplativos nos momentos em que foca o Cristo Redentor e o Pão-de-Açúcar. Ao contrário de sua fraca continuação lançada este ano, Rio consegue cativar, deixando seus espectadores com um sorriso no rosto com sua grande festa. – por Thomás Boeira
Velozes e Furiosos 5: Operação Rio (Fast Five, 2011)
As belezas da paisagem do Rio de Janeiro, os cenários característicos, o gingado do povo carioca. Se você pensa que viu tudo isso em Velozes e Furiosos 5: Operação Rio, pense de novo. Apesar do título, e de algumas poucas cenas filmadas no Rio de Janeiro, o quinto episódio da cinessérie protagonizada por Vin Diesel e Paul Walker foi filmada em Porto Rico. Por isso, qualquer brasileiro deve ter estranhado os carros policiais utilizados, o estilo das ruas e até o desenho dos biquínis das beldades “tupiniquins” que ali aparecem. Apesar desta mancada dos produtores, é legal pensar o que levou a equipe de Velozes e Furiosos ter todo este trabalho para fazer com que os espectadores pensem se tratar de uma aventura ambientada na Cidade Maravilhosa. Simples: Rio de Janeiro vende. A proximidade das Olimpíadas, a expansão do Brasil no exterior, a curiosidade do estrangeiro para o exótico tornou interessante e vendável o Rio. Infelizmente, não é barato fazer uma produção internacional em solo brasileiro e como Porto Rico facilitou neste lado – e não seria tão mercadológico um filme ambientado naquele país – criou-se esta magia. Ou seja, não foi desta vez que Dominic Toretto conheceu as belezas do Brasil. Quem sabe numa próxima? – por Rodrigo de Oliveira
Rio, Eu Te Amo (2014)
Formado por várias pequenas histórias, o longa-metragem – mais um da série Cities of Love – tem seus diversos segmentos dirigidos por, entre outros, John Turturro, Paolo Sorrentino, Fernando Meirelles, José Padilha e Carlos Saldanha. Cada um ao seu próprio modo inserindo sua visão pessoal sobre uma história de amor na cidade do Rio de Janeiro. Ainda que um dos mais divertidos contos fique mesmo por conta da libanesa Nadine Labaki, que pessoalmente contracenando com Harvey Keitel divide com ele os méritos pelo adorável Milagre, que não fosse o suficiente, traz ainda o eterno The Wolf de Pulp Fiction (1994) falando um bom português. Enquanto isso pulamos de ritmo em ritmo e de tom em tom; Texas, por exemplo, se mostra mais denso e cru, em contraponto ao lírico e bobinho Pas de Deux, que por sua vez tem uma linguagem distante daquela mais conceitual escolhida por Meirelles em A Musa. Padilha e Wagner Moura, aliás, renovam a parceria, provando que não só de ação, tapa na cara e pé na porta que são feitos ao trazerem uma breve e tocante narrativa sobre um homem que vai ter com o próprio Cristo Redentor, que acaba sendo o personagem em comum entre as histórias. – por Yuri Correa
Últimos artigos de (Ver Tudo)
- Top 10 :: Dia das Mães - 12 de maio de 2024
- Top 10 :: Ano Novo - 30 de dezembro de 2022
- Tendências de Design de E-mail Para 2022 - 25 de março de 2022
Deixe um comentário