Comédia e sexo. Uma reunião que volta e meia surge nos cinemas para aguçar a libido do público ao mesmo tempo em que provoca risos e gargalhadas. A gente sabe que tem muito título ruim por aí que se aproveita deste subgênero de filmes e de graça há muito pouco. O próprio Sex Tape: Perdido na Nuvem, longa que chega esta semana às telonas, é um destes exemplares. Ainda assim, a equipe do Papo de Cinema resolveu lembrar quais são os dez melhores filmes que tratam do assunto de forma verdadeiramente engraçada. E eis a nossa lista. Confira!
Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo e tinha medo de perguntar (Everything You Always Wanted to Know About Sex But Were Afraid to Ask, 1972)
No formato de sete pequenos curtas tendo o sexo como o protagonista a uni-los, Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo e tinha medo de perguntar anunciou, no início dos anos 70, um dos diretores mais originais e profícuos do cinema. Durante a carreira, Woody Allen fez questão de salientar o baixo retorno financeiro de seus filmes, apesar da alguns serem unanimidade de crítica. Pelo menos esse não foi o caso do quarto longa-metragem. Feito com o mesmo orçamento de 2 milhes de dólares de Bananas (1971), Tudo… faturou estimados 18 milhões, repercutindo a ponto de alavancar o trabalho de Allen. A fórmula não é difícil de decifrar. Conhecido pelas referências sofisticadas, imperou aqui a combinação de um tema middlebrow, de interesse do grande público, e a realização inusitada, possível unicamente pela mente de um comediante talentoso e destemido – aparentemente. Adaptado do livro homônimo de David Reuben, o filme se cristalizou no imaginário cinematográfico por esquetes criativas e absurdas, como a do laboratório do corpo humano e a do médico apaixonado pela cabra do cliente. – por Willian Silveira
Porky’s: A Casa do Amor e do Riso (Porky’s, 1982)
Quem cresceu nos anos 80 deve lembrar muito deste filme, exibido inclusive em sessões da tarde, em uma época em que cenas mais picantes não tinham horário para serem exibidas. Porky’s é um verdadeiro precursor das comédias sexuais como as conhecemos hoje. Não foi a primeira, mas o seu formato rendeu tanto, que acabou servindo de exemplo para diversas produções posteriores. O plot é um verdadeiro fiapo, mas conversava bem com os hormônios em ebulição. Uma turma de jovens faz de tudo para perder a virgindade. Um dos planos é ir até o Porky’s, uma boate comandada pelo asqueroso suíno que dá nome ao lugar. Ao não conseguirem seu intento – e serem humilhados no meio do caminho – os jovens juram vingança. Isso, é claro, é só um pequeno resumo do que o longa-metragem dirigido por Bob Clark traz ao espectador. Nudez gratuita, piadas sujas e um bando de adolescentes à procura de um rabo de saia são alguns dos predicados deste filme, que foi apedrejado pela crítica à época, mas achou ressonância em um público ávido pela temática sexual. Rendeu duas continuações, nada perto do humor e da picardia do original. – por Rodrigo de Oliveira
Mulher Nota Mil (Weird Science, 1985)
A comédia juvenil americana era relevante nos anos 1980, não este manancial de bobagens e piadas infames que vemos hoje em dia, salvo cada vez mais raras exceções. E, talvez, John Hughes tenha sido aquele que, nesse cenário, melhor soube produzir em massa sobre e para adolescentes. Mulher Nota Mil é um dos filmes que, se comparados com seus congêneres atuais, evidenciam o abismo. Sua trama é simples, pois fala de dois nerds que, sem sucesso com as garotas, resolvem bancar os Frankesteins e criar a mulher perfeita. E não é que dá certo? Logo, Gary (Anthony Michael Hall) e Wyatt (Ilan Mitchell-Smith) estão andando pra lá e pra cá com Lisa (Kelly LeBrock), bela morena, resultado da combinação da boca de uma modelo, os quadris de outra, e por aí vai. Certamente ela é muita areia para o caminhão deles e logo aparece a desconfiança: como dois, até então, adolescentes impopulares conseguem atenção daquele mulherão? É aí que a confusão (dá-lhe Sessão da Tarde!) se instaura. Mulher Nota Mil é guiado com maestria por Hughes, cineasta que nunca tratou os jovens (da tela ou da plateia) como imbecis. – por Marcelo Müller
Quem Vai Ficar com Mary? (There’s Something About Mary, 1998)
Após o reinado das comédias picantes estudantis nos anos 1980, a década seguinte foi de ostracismo no gênero. Talvez tenha sido o efeito da falsa moralidade que reinou nos anos 1990. Isto até os irmãos Peter e Bobby Farrelly surgirem e lançarem Quem Vai Ficar com Mary?. A comédia traz um inspirado Ben Stiller no papel de Ted, que com quase 30 anos ainda se vê pensando na garota dos sonhos, Mary (Cameron Diaz, no auge da beleza, meiga e divertida). Detalhe: ele perdeu a chance de ficar com ela após um problema envolvendo braguilhas e o saco escrotal no dia do baile de formatura. Tempos depois, ele tem a oportunidade de reencontra-la, mas vários pretendentes vão cruzar seu caminho, como o sacana detetive Healy (Matt Dillon, canastrão e engraçadíssimo). Entre orgias gay na estrada, uma vizinha feia e tarada e, é claro, sêmen no lugar de gel para cabelo, referências sexuais não faltam no filme dos irmãos, comédia que fez tanto sucesso que abriu as portas para o gênero novamente. Pena que a maioria não tenha um terço da graça deste exemplar. – por Matheus Bonez
American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível (American Pie, 1999)
Houve um tempo em que uma torta de maçã – american pie, para os americanos – era apenas uma sobremesa. Foi quando, em 1999, uma equipe de roteirista e diretores estreantes decidiu fazer uma comédia adolescente que iria muito além do tradicional pra época. O sexo não seria um tempero, mas o próprio assunto do filme, que também traria cenas picantes e atores “comuns”, com cara de gente que poderia ser seu vizinho – e não as feições angelicais de uma Kirsten Dunst da vida. Surgia American Pie – A Primeira Vez é Inesquecível. Depois deste filme, que inclusive rendeu uma série de outros inacreditáveis sete (todos escritos por Adam Herz), as comédias com piadas sexuais – e as outras também! – nunca mais foram as mesmas. Prova disso é que o personagem vivido por Jason Biggs, protagonista de American Pie, em Orange is the New Black, série do Netflix, faz piadas com referências que remetem ao filme que o tornou famoso. A aposta para perder a virgindade até a formatura virou um clichê, a imagem do jovem colegial americano que é o machão pegador foi por água abaixo, o “pai do Jim” se tornou um personagem clássico e a torta de maçã nunca mais foi apenas uma sobremesa… – por Dimas Tadeu
Secretária (Secretary, 2002)
Dentre tantas comédias sobre adolescentes desesperados para perder a virgindade e solteironas em busca de um príncipe encantado, é curioso ver um filme como esse no meio de uma seleção de títulos cômicos sobre sexo – mas acredite, talvez esse seja o mais apropriado de todos. Como muitos sabem, o que duas pessoas fazem uma com a outra entre quatro paredes só diz respeito a elas mesmas, e desde que haja concordância mútua, tudo é permitido – ainda que esse ambiente não seja necessariamente um quarto, mas, sim, o próprio local de trabalho. A submissão óbvia da funcionária em relação ao patrão aqui assume uma outra dinâmica após o final do expediente, e o que temos em cena são ousadias sexuais das mais apimentadas, que se diante olhos mais conservadores podem soar ousados e provocadores, para aqueles já iniciados é apenas parte de um jogo maior e muito mais prazeroso. Maggie Gyllenhaal, em uma inspirada atuação indicada ao Globo de Ouro e ao Spirit Awards e premiada pelos críticos da Florida, Chicago e Boston, entre outros, encarna a personagem-título com entrega e visível controle, subjugando não apenas o parceiro interpretado por James Spader, mas também qualquer um da audiência que se entregar sem reservas a esse delicioso jogo. – por Robledo Milani
Tudo para Ficar com Ele (The Sweetest Thing, 2002)
Bem longe de tentar ser uma comédia romântica cerebral, Tudo Para Ficar com Ele é um daqueles filmes devassos que só Cameron Diaz consegue protagonizar e tirar bom proveito a ponto de levar a plateia a desfrutar. Ao lado de Selma Blair e Christina Applegate, Diaz apresenta a história da busca de Christina Walters, uma garota festeira que durante as tentativas de achar o cara perfeito, acaba esnobando um garanhão. Culpada por perder a oportunidade, ela decide, junto de sua melhor amiga, ir ao seu encontro. Odiado pela crítica, mas (de certa forma) adorado pelo público, Tudo Para Ficar Com Ele explora as expectativas e expansões da mulher no século XXI e, claro, sem se levar a sério, ainda brinca com os musicais em uma sequência na qual as três personagens principais se encontram em um restaurante chinês para almoçar e cantam uma canção sobre pênis. – por Renato Cabral
O Virgem de 40 Anos (The 40 Year Old Virgin, 2005)
Andy Stitzer é um dedicado colecionador de action figures, divide seu tempo livre entre o videogame e episódios de Survivor e trabalha em uma loja de tecnologia – para onde vai diariamente pedalando sua bicicleta. Nada anormal, caso ele não tivesse 40 anos e fosse virgem, como adianta o título da incorreta e hilária comédia de Judd Apattow. Com Steve Carell em um de seus melhores personagens, O Virgem de 40 Anos possui aquele raro timing repleto de gags pontuais e ousadas a partir de situações que garantem extrema vergonha alheia pelos infortúnios de seu protagonista. Estes vão de dificuldades técnicas com preservativos, aulas constrangedoras sobre educação sexual e uma depilação peitoral mal sucedida – após a qual o nome de Kelly Clarkson nunca mais teve o mesmo único significado. Apattow, especialista contemporâneo na juventude transviada que insiste em evitar a fase adulta, equilibra o humor escrachado do filme com alguma reflexão sociológica e antropológica interessante e até mesmo algum romance. Mas não perde muito aquele espectador que se agarra exclusivamente na premissa inusitada da comédia, repleta de uma verborragia sexual que mais diverte do que constrange. Por fim, conhecer este virgem quadragenário é surpreendente e um segundo encontro é tão inevitável quanto irresistível. – por Conrado Heoli
Superbad: É Hoje (Superbad, 2007)
Superbad mostra as desventuras dos amigos Seth e Evan (Jonah Hill e Michael Cera) que estão nas últimas semanas do ensino médio, mas sem ter cumprido alguns de seus objetivos antes da faculdade, como perder a virgindade e serem um pouco mais populares. E é o que eles esperam que aconteça na festa que ocorrerá na casa de Jules (Emma Stone), garota que Seth gostaria de namorar e que pede a ele para levar as bebidas. Mas a tarefa acaba rendendo confusões para ele, Evan e Foggell (Christopher Mintz-Plasse). Confusões estas que se revelam divertidíssimas e muito humanas em seus constrangimentos, em uma história que explora muito bem as expectativas da adolescência, além de ser um conto interessante sobre amizade. Superbad é possivelmente uma das melhores comédias lançadas na década passada e ajudou a revelar alguns jovens talentos que vem construindo carreiras interessantes, como Jonah Hill (hoje duas vezes indicado ao Oscar) e Emma Stone. – por Thomás Boeira
Projeto X: Uma Festa Fora de Controle (Project X, 2012)
Adaptando o formato found footage para um filme de comédia adolescente – a “técnica” é usada predominantemente em filmes de horror apenas – Projeto X começa despretensiosamente e evolui de maneira gradual para um enredo empolgante e alucinante. Com seus pais fora de casa, Thomas (Thomas Mann) decide realizar uma festa para ter uma chance de conseguir beijar a garota de quem gosta. Porém, o plano todo toma proporções descontroladas e a tal festa acaba por transformar-se em um pesadelo de drogas, sexo, música e catástrofes envolvendo até mesmo um incêndio generalizado na rua toda. Construída com cuidado, a trama leva o espectador do conflito envolvendo os vizinhos reclamando da bagunça até aquele onde helicópteros e policiais tomam conta de todo o quarteirão, fazendo daquele primeiro problema um pequeno empecilho banal. O filme, aliás, usa com propriedade o uso da linguagem subjetiva da câmera inserida na trama, justificando sua escolha ao fazer daquelas imagens parte importante do crescente tom caótico da festividade. Deste modo, Projeto X se revela divertido, tenso e hipnotizante, fazendo jus às temáticas das comédias da década de 1980 que traziam principalmente jovens como protagonistas, em busca de uma libertação social utópica. – por Yuri Correa
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É minha gente,e de matar ou digo,é de transar😎😎😎