Durante muito tempo considerado um estilo “menor” dentro do universo cultural, as histórias em quadrinhos há algum tempo vem adquirindo status de arte elevada, principalmente com o grande cuidado das principais editoras em trabalharem seus personagens com roteiristas tarimbados e artistas gráficos profissionais e altamente referendados. Essa percepção logo se estendeu para além dos fãs habituais, chamando atenção também daqueles que melhor sabem aproveitar uma oportunidade quando essa se faz presente: os executivos de Hollywood. E se hoje em dia filmes baseados em tramas de HQs parecem ser um fato consumado, é curioso perceber que essa realidade só começou a ser possível há pouco mais de uma década. Até o final do século XX, produções cinematográficas com essa base eram reconhecidas apenas em nichos muito específicos, sem maiores alardes ou dedicações.
Este cenário começou a mudar com Blade (1998), um personagem pouco conhecido da Marvel e levado às telas com Wesley Snipes como protagonista. O sucesso inesperado – e suas duas consequentes continuações – inspiraram o surgimento em série de vários outros projetos similares, e atualmente é impossível não reconhecer (no mínimo) dois ou três novos longas do gênero a cada temporada. Aproveitando a estreia de Wolverine: Imortal e os sucessos recentes de O Homem de Aço e Homem de Ferro 3, decidimos eleger os dez melhores super-heróis – os personagens, não os filmes – que já se aventuraram também na tela grande. Muitos ficaram de fora – como o próprio Wolverine, além do citado Blade, Quarteto Fantástico, Justiceiro, Dick Tracy, Elektra, Watchmen, Demolidor, Capitão América, Spawn, Hulk e tantos outros – mas como qualquer lista, alguém precisa ficar de fora. Talvez o seu herói favorito não tenha ficado entre os nossos finalistas, mas com tantos poderes envolvidos, o que podemos afirmar é que nada é definitivo!
SUPERMAN, por Rodrigo de Oliveira
Publicado por: DC Comics
Criado por: Jerry Siegel e Joe Shuster
Primeira aparição nas HQs: Action Comics #1 (Junho de 1938)
Primeira aparição nos cinemas: Superman (seriado de cinema, 1948)
Filme Definitivo: Superman: O Filme (1978)
Superman (ou Super-Homem para tantos fãs brasileiros) é o pai de todos os heróis, tendo sido criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938, com sua primeira aparição estampada na capa da Action Comics #1. Desde então, foram várias as encarnações do herói, tanto no rádio, na televisão e no cinema. Cada uma teve importância diferente para a gênese do mito conhecido hoje como Superman. No rádio, por exemplo, a kryptonita foi inventada. No cinema, nos desenhos animados assinados pelos estúdios Fleisher no começo dos anos 1940, ele começou a voar. E na televisão, com o seriado estrelado por George Reeves, o herói foi popularizado para as grandes massas. Atualmente, o Último Filho de Krypton está com novo filme nos cinemas, O Homem de Aço (2013), que retrabalha vários conceitos no cânone do herói e traz uma visão contemporânea para o famoso Superman. Isso, no entanto, não seria possível caso Richard Donner não tivesse dado sua visão fascinante para o mito em 1978, com Superman: O Filme. O longa-metragem não só mantém-se divertido e cativante até hoje, como revelou ao mundo o ator que, definitivamente, seria o Homem de Aço que todos admiram e respeitam: o inesquecível Christopher Reeve.
BATMAN, por Marcelo Müller
Publicado por: DC Comics
Criado por: Bill Finger e Bob Kane
Primeira aparição nas HQs: Detective Comics #27 (Maio de 1939)
Primeira aparição nos cinemas: Batman (1989)
Filme Definitivo: Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
Por que o ricaço Bruce Wayne se arrisca como Homem-Morcego para trazer alguma paz à caótica Gotham City? Ele não tem poderes que o impelem ao heroísmo, e talvez por isso mesmo seja o mais nobre dos mascarados (ou não mascarados), pois, de fato, escolheu combater o crime, não foi arrastado pelo destino. Seu tratamento cinematográfico mais maduro veio pelas mãos de Christopher Nolan. Da nova trilogia, o melhor, sem dúvida, é Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008). Nele, Batman apoia a ascensão do promotor Harvey Dent como figura pública na qual os habitantes podem depositar sua esperança, enquanto enfrenta inimigo complexo, o Coringa. Diferente dos chefes do crime, interessados em exterminar obstáculos, garantindo assim a lucratividade das atividades ilícitas, o vilão não possui causa pela qual lutar, é apenas um agente do caos disposto a implodir a ordem, no extremo oposto do herói. Batman: O Cavaleiro das Trevas é dos poucos filmes baseados em HQs massivas a superar o pregresso culto pop, muito por investir pesado na construção dos personagens, explorando a ação em prol deles, não o contrário.
LANTERNA VERDE, por Robledo Milani
Publicado por: DC Comics
Criado por: Bill Finger e Martin Nodell
Primeira aparição nas HQs: All American Comics #16 (Julho de 1940)
Primeira aparição nos cinemas: Lanterna Verde (2011)
Filme Definitivo: Lanterna Verde (2011), afinal, é o único por enquanto…
O Superman é quase invencível, o Batman é o mais habilidoso, a Mulher-Maravilha é uma deusa. São todos poderosíssimos, mas, ao mesmo tempo, cada um possui seu limite. No caso dos Lanternas Verdes, tropa interestelar de guardiões da galáxia, essa limitação existe apenas em suas próprias mentes. Ou seja, para aquele que acreditar, o infinito será possível! Pode algo mais estimulante? Tamanha grandiosidade pode levar à loucura – como aconteceu com Hal Jordan – mas também permite intensa criatividade. Sempre haverá um Lanterna Verde com qual o leitor poderá se identificar, desde o furioso Guy Gardner até o (atualmente) homossexual Alan Scott. O filme realizado com Ryan Reynolds em 2011 pode ter decepcionado muita gente pela pouca ação e pelo humor em excesso – o que destoou bastante do que os fãs estavam acostumados nas HQs. Mas, por outro lado, serve de porta de entrada para um universo mágico em que a imaginação está a um passo de se tornar realidade – a única necessidade para isso é empunhar um anel verde na direção certa!
THOR, por Danilo Fantinel
Publicado por: Marvel Comics
Criado por: Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby
Primeira aparição nas HQs: Journey Into Mistery #83 (Agosto de 1962)
Primeira aparição nos cinemas: Thor (2011)
Filme Definitivo: Thor (2011)
Inspirado na divindade da mitologia nórdica, Thor chegou às páginas dos quadrinhos pelas mãos de Stan Lee (roteiro), Larry Lieber (argumento) e Jack Kirby (desenho) em 1962 – e cinco anos depois no Brasil na revista Álbum Gigante. Conforme a história registrada dos povos do Norte, o Deus do Trovão que empunha o martelo Mjolnir e que possui poderes sobre raios, relâmpagos e tempestades foi adorado durante a Era Viking, do século VIII ao XI. Assim como entre escandinavos antigos, Thor também se tornou forte na cultura pop, firmando-se como um dos principais personagens da Marvel, apesar de (ou justamente por) apostar em temas mitológicos distantes do mundo Ocidental contemporâneo. Outro ponto alto é a mistura da arrogância de um guerreiro intempestivo com a distinção de um Deus demasiadamente humano. Filho de Odin (líder de Asgard, mundo dos deuses) e de Jord (Deusa de Midgard, o mundo dos humanos, e personificação da Terra), o herói transita entre estas dimensões, combate o vilão (e meio-irmão) Loki e conta com apoio dos amigos Balder, Fandral, Hogun e Volstagg. Depois da boa estreia em 2011, quando defendeu terráqueos, Thor voltará em novembro de 2013 para combater Marauders e Elfos Negros em sua terra natal.
HOMEM-ARANHA, por Robledo Milani
Publicado por: Marvel Comics
Criado por: Stan Lee, Larry Lieber, Don Heck e Jack Kirby
Primeira aparição nas HQs: Amazing Fantasy #15 (Agosto de 1962)
Primeira aparição nos cinemas: Homem-Aranha (2002)
Filme Definitivo: Homem-Aranha 2 (2004)
Peter Parker talvez seja o menos “super” e o mais “herói” de todos os tipos dessa galeria. Ainda adolescente quando é picado por uma aranha geneticamente alterada, faz o que qualquer jovem na mesma situação faria: fica maravilhado e decide aproveitar ao máximo a nova “condição”. No entanto, logo a dura realidade se fez presente, e nunca antes o lema “grandes poderes geram grandes responsabilidades” teve tanto sentido. Nascia aí o Homem-Aranha, um herói que cresceu junto com seus leitores, que luta para pagar o aluguel, se equilibra em mais de um emprego, se apaixona, tem compromissos familiares e com amigos e, ao mesmo tempo, está sempre disposto a salvar o mundo, nem que para isso precise – literalmente – arriscar o pescoço diariamente. Como não se identificar com alguém tão falho – e, ao mesmo tempo, tão espetacular? Que o digam Nicolas Cage e James Cameron, alguns dos tantos fãs do herói, ou Tobey Maguire ou Andrew Garfield, que já o viveram na tela grande. Se o segundo é a encarnação perfeita do personagem, foi o primeiro, no entanto, que vivenciou no cinema sua mais emocionante aventura, ao enfrentar seu vilão por excelência – Dr. Octopus – em Homem-Aranha 2 (2004).
HOMEM DE FERRO, por Matheus Bonez
Publicado por: Marvel Comics
Criado por: Stan Lee e Steve Ditko
Primeira aparição nas HQs: Tales of Suspense #39 (Março de 1963)
Primeira aparição nos cinemas: Homem de Ferro (2008)
Filme Definitivo: Homem de Ferro (2008)
As personalidades de Tony Stark e de seu intérprete, Robert Downey Jr., se confundem nas telas. O primeiro é alcoólatra, rico, mimado e um verdadeiro bon vivant. Na “vida real”, Downey Jr. também é um showman que teve um passado turbulento com drogas e passagens por clínicas de reabilitação. Não poderia haver um intérprete que capturasse melhor do que ele a essência do alter ego do Homem de Ferro, um personagem que ficou relegado por tanto tempo no limbo dos quadrinhos, mas que conseguiu se reerguer nos anos 2000. Algo que Downey também o fez. Não fosse por ambos e o primeiro Homem de Ferro (2008) – o melhor de todos, por sinal – não haveria um Universo Marvel tão coeso nas telas que desembocasse no ótimo Os Vingadores (2012). Tanto é que com a notícia no início do ano que, após Homem de Ferro 3 (2013), o contrato de Downey Jr. com a Marvel Studios estava no fim, os fãs ficaram em polvorosa. Para sorte deles e de qualquer outro espectador, tudo está resolvido e veremos o Homem de Ferro voar nas telas mais uma vez – no mínimo.
PROFESSOR CHARLES XAVIER, por Dimas Tadeu
Publicado por: Marvel Comics
Criado por: Stan Lee e Jack Kirby
Primeira aparição nas HQs: X-Men #1 (Setembro de 1963)
Primeira aparição nos cinemas: X-Men: O Filme (2000)
Filme Definitivo: X-Men: Primeira Classe (2011)
Mais do que um mutante, Professor Xavier é o fundador e, por um longo período, diretor da “Escola Charles Xavier para Jovens Superdotados”. Um claro disfarce ao que, na verdade, é um centro de pesquisa, ensino e treinamento de mutantes. Acossados por uma sociedade que vê neles uma ameaça, Xavier se torna o grande mentor e refúgio para seus pares. Sua crença de que mutantes e humanos devam conviver em paz se contrapõe diretamente a de Magneto, seu antagonista, que só vê mutantes vivendo bem ao afirmarem sua superioridade sobre a raça humana. Dono de poderes mentais de magnitude inigualável (especialmente telepatia e telecinesia), Xavier é um dos símbolos dos X-Men (o X não está ali por acaso). Para quem quer conhecer melhor o personagem, X-Men: Primeira Classe (2011) é uma ótima pedida, pois mostra a história do herói desde sua juventude na universidade até a fundação da escola que leva seu nome e que servirá de ‘quartel-general’ para todas as principais aventuras dos famosos mutantes.
JEAN GREY/FÊNIX, por Matheus Bonez
Publicado por: Marvel Comics
Criada por: Stan Lee e Jack Kirby
Primeira aparição nos quadrinhos: X-Men #1 (Setembro de 1963)
Primeira aparição nos cinemas: X-Men: O Filme (2000)
Filme Definitivo: X-Men 2 (2003)
Jean Grey é uma das personagens mais complexas das HQs. Primeira mutante feminina a surgir, já na formação original dos X-Men (anos 1960), sua importância se tornou relevante a partir da década seguinte, com sua reformulação após a transformação em Fênix e, posteriormente, Fênix Negra. Trata-se, afinal, da personagem mais poderosa do Universo Marvel e, na telona, esse poder foi explorado de forma digna. Se em X-Men: O Filme (2000) seus dons telepáticos e telecinéticos estavam florescendo, é em X-Men 2 (2003) que eles explodem de vez. Seu sacrifício não foi em vão e, ao retornar em X-Men 3: O Confronto Final (2006), a Saga da Fênix Negra se transforma em um dos motes principais do longa. Podem falar o que quiserem da produção, porém, a história da personagem é explorada ao extremo pelo roteiro e pela belíssima atuação de Famke Janssen, que transforma esta mutante não apenas em alguém fora de controle, mas em uma mulher com um grave problema de dupla personalidade – algo que nos quadrinhos era muito mais sugerido de forma metafórica e que no cinema ganha um status definidor. Uma trajetória trágica, mas que não fica nada a dever para uma das personagens mais queridas dos X-Men.
HELLBOY, por Pedro Henrique Gomes
Publicado por: Dark Horse Comics
Criado por: Mike Mignola
Primeira aparição nas HQs: San Diego Comic-Con Comics #2 (1993)
Primeira aparição nos cinemas: Hellboy (2004)
Filme Definitivo: Hellboy (2004)
Nascido das trevas da história, criado e cultivado nos porões da escuridão, Hellboy é mesmo uma força da natureza: um mistério, portanto. Se a maioria dos super-heróis no cinema parece lutar contra seus poderes, pois querem ser pessoas normais, pois ao menos no início de suas jornadas eles lutam contra a natureza intrínseca, com o “menino dos infernos” é um pouco diferente. Ele lida bem com sua deformidade, com sua falta de jeito para lidar com coisas e pessoas. Sobrevive justamente adaptando-se ao seu meio. Por isso, pelo humor, pela frieza com que mascara um personagem cheio de fraquezas (apesar de ser um demônio!) pela maneira como é colocado no filme de Guillermo Del Toro (Hellboy, 2004), é um dos heróis mais interessantes do cinema. Poucas histórias podem ser mais promissoras no universo dos super-heróis transpostos para o cinema: filho de criação de pai católico, logo ele, também é filho biológico do diabo. Discreto, desajeitado, na verdade um anti-herói dos heróis, sua história é tão subterrânea quanto seu local de nascimento, e assim ele vai lutando contra os santos e os puros.
HIT GIRL, por Renato Cabral
Publicado por: Icon Comics
Criado por: Mark Millar e John Romita Jr.
Primeira aparição nas HQs: Kick-Ass (2008)
Primeira aparição nos cinemas: Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010)
Filme Definitivo: Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010)
Baseado nos quadrinhos de Mark Millar e John Romita Jr., Kick-Ass – Quebrando Tudo foi lançado em 2010 com elogios, um verdadeiro sucesso de público e crítica. Produção pequena para uma adaptação de HQs (custou apenas US$30 milhões) e coproduzida por Brad Pitt, trazia em seu elenco nomes não muito conhecidos como protagonistas (Nicolas Cage, em papel secundário, era o maior nome). Tratando da história de um adolescente (Aaron Johnson) fã de histórias em quadrinhos que da noite para o dia decide se tornar um super-herói, se autobatizando de Kick-Ass, acabou destacando outra super-heroína, a revelação Hit Girl, interpretada pela intrigante Chloë Grace Moretz. Mantendo uma linha enigmática e ao mesmo tempo madura para a idade da personagem, Hit Girl é um dos pontos (de diversos) fortes do filme de Matthew Vaughn. Treinada para matar por seu pai, interpretado por Cage, a menina (tanto atriz como personagem) são um acontecimento. Sem papas na língua e dura na queda, a garota se torna uma auxiliar de Kick-Ass na luta contra o crime e corrupção na cidade de Nova York, além de ser uma das melhores personagens apresentadas em uma adaptação de HQs para o cinema.
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