6° OLHAR DE CINEMA (7 a 15 de junho)
O letreiro na abertura já avisa: Porto Seguro, na Bahia, pode ser apontado por muitos como o local onde o Brasil foi descoberto, lá em 1500, mas é, até hoje, um dos principais pontos turísticos do país – não só para brasileiros, mas para estrangeiros também. Ou seja, há mais de cinco séculos é aqui que se encontra a porta de entrada para um país repleto de contradições. Tendo como ponto de vista dois jovens da periferia, acompanhamos os seus cotidianos rumo ao litoral, aos visitantes de passagem e às suas rotinas profissionais para descobrir, ou apenas confirmar, que por aqui quem não souber dançar conforme a música, logo perderá seu lugar na pista de dança. Um dos meninos é guia turístico, e passa o dia envolvido com homens e mulheres de todos os lugares, levando-os a conhecer as preciosidades locais. Não se sabe sua escolaridade ou graduação, mas sabe-se da ciência que tem a respeito do seu ganha-pão, e que, sem dedicação e simpatia, tudo pode ser posto a perder. É caso similar ao do rapaz que passa seus dias se requebrando em ritmos variados, entretendo turistas com pouca roupa e muito gingado. O diretor Carlos Segundo propõe, através do mosaico proporcionado por esses dois encontros com o olhar do espectador, uma reflexão sobre a cultura, especialmente a negra, dando a entender que se desse modo está há tanto tempo, muito em breve talvez chegue a hora da mudança se manifestar. Não revolucionária, ou rebelde, mas de acordo com a ordem natural das coisas. Esse é, enfim, um lugar para todos. E não mais se irão tolerar privilégios para poucos em detrimentos de tantos. Certo?