Sob o Véu da Vida Oceânica, de Quico Meirelles

Publicado por
Robledo Milani

25° ANIMA MUNDI (14 a 30 de julho)
O filho do diretor Fernando Meirelles faz sua primeira experiência no universo da animação contando a história de Thigas, cuja vida inteira dura apenas… 6 minutos! Como reclamar dos nossos problemas, quando temos, como interlocutor, alguém cuja existência inteira tem a duração de um décimo de uma hora? Essa parece ser a intenção do roteiro, e se há momentos de melancolia – os personagens estão a todos instante morrendo, e acompanhamos a jornada do protagonista no ritmo do cronômetro que carrega no pulso, diminuindo, a cada segundo, a extensão das suas possibilidades – há outros também de pura graça, com piadas que vão de Bob Esponja à Titanic (1996). Quico quer criar o ambiente propício para que seu espectador pense a respeito do que está vendo, mas sem receitas ou mensagens: o resultado está nas entrelinhas. A partir de um traço rápido e um colorido atraente ele cria um mundo submarino onde o filme é eminente, mas o lamento é tão instantâneo quanto passageiro. E se por algum instante imagina-se ter descoberto a fórmula da felicidade, não se engane: assim como o relógio se recusa a parar, também a verdade dos fatos inevitavelmente irá mostrar que, para cada vitória, há, também, um tropeço. Sem deixar que o tom pessimista tome forma, é o bom humor que termina por ditar a narrativa, mostrando que, mesmo diante da maior das adversidades, ainda há uma lição a ser aprendida.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.