50° FESTIVAL DE BRASÍLIA (15 a 24 de setembro)
Abordar a violência doméstica é sempre complicado, exatamente porque essa é uma questão bastante intrincada, o que torna difícil sua representação sem uma série de reducionismos, mas sobre a qual se deve falar cada vez mais. A cineasta Laís Melo se propõem neste curta-metragem conciso, mais disposto a traçar um percurso emocional que informativo, a observar uma tomada de postura por parte de Gloria (Patrícia Saravy), que decide, após algum tempo sendo agredida pelo marido, procurar as autoridades para prestar queixa. A abordagem é sensível. Em nenhum momento vemos o ato de agressão, pois a realizadora está mais interessada em deflagrar as consequências dele, mostrando, por meio da ótima e premiada interpretação de Patrícia, uma mulher psicologicamente afetada pela constância da brutalidade lançada sobre ela. O curta-metragem é particularmente bem-sucedido ao deter-se na expressão consternada da atriz que, habilmente, dá conta de evidenciar os traumas decorrentes de um cotidiano acidentado. O curta conquistou os jurados da 50ª edição do Festival de Brasília, por se colocar em consonância com algumas das demandas mais urgentes da sociedade. Além do Cangango de Melhor Curta-metragem, o filme levou para casa os prêmios de Melhor Fotografia (Renata Corrêa) e Melhor Atriz (Patricia Saravy).
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