CURTA BRASÍLIA (13 a 16 de dezembro) – Júri oficial
O plano final de Entre Parentes, curta-metragem dirigido por Tiago de Aragão, vencedor do Curta Brasília 2018, é tão bonito cinematograficamente quanto triste. Simbólico de uma realidade em que os povos indígenas são cada vez mais negligenciados em prol de interesses escusos de ruralistas e latifundiários, o rechace policial com bombas de gás e demais manifestações de agressividade é o sintoma de um massacre. Na esfera política, nos corredores do congresso nacional, são discutidos temas de extrema importância, como e criminalização da FUNAI e de lideranças que oferecem resistência à sanha selvagem de quem está de olho nas terras demarcadas. O realizador se atém especialmente às deliberações de uma comissão parlamentar, ocasião na qual vemos os índios à margem, ora esperando pacientemente, ora externando sua indignação em entrevistas, e os agentes do sistema desacreditando as instituições reguladoras com fins escusos. Embora tenha quase meia hora de duração, Entre Parentes transcorre com fluidez, especialmente porque sua narrativa aposta nas constatações plenamente à disposição, como o antagonismo entre a maioria dos legisladores e as demandas dos povos indígenas que clamam apenas por seus direitos. O curta não esconde seu viés ideológico, pelo contrário, o escancara pelo bem da clareza e da mensagem. É particularmente melancólica a aparição do então deputado federal, agora presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, cujo governo ainda jovem já tomou atitudes aviltantes com relação à causa indígena. Um filme para manter viva a nossa indignação.