É TUDO VERDADE (12 a 22 de abril) – Júri oficial
Nome de Batismo: Alice se junta a um filão relativamente bastante explorado recentemente na nossa cinematografia, sobretudo na seara do curta-metragem, que é a viagem em busca das raízes. A cineasta Tila Chitunda empreende um “retorno” a Angola com a mãe para conhecer suas bases ancestrais, a fim de afinar o vínculo com antepassados. A narração dá conta de uma tentativa simbólica de diálogo com a avó, também chamada Alice, de quem herdou, portanto, o nome. Chegando à África, ela encontra uma prole extensa, tios, tias, primos e um sem número de consanguíneos que a fazem entender melhor a sua origem. Nesse percurso afetivo, conhece boa parte dos parentes dos quais apenas tinha referência pelas histórias contadas por quem teve de migrar ao Brasil em função da guerra. Descobre, também, que faz parte de uma gente com traços reais que, por conta da linhagem, escapou à temida escravidão. Tila se vê diante de possíveis conflitos, pois teve um bisavô evangelista, o primeiro das redondezas, encara contradições da colonização, cujos rastros permanecem até hoje no país, seja pela língua portuguesa dos dominadores de outrora, traço que promove uma atração entre Brasil e Angola, ou por outros sintomas de uma influência que atualmente possui traços distintos – vide a homenagem a um morto, feita com um refrigerante simbólico do poder estadunidense. Nome de Batismo: Alice deixa aparente a força do retorno, e também não determina, pois sobressaem as dúvidas, as incertezas, algo natural diante da complexidade inerente ao percurso.
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