20190114 homem na caixa papo de cinema

ANIMA MUNDI (24 de julho a 04 de agosto) – Júri oficial
Baseado numa história de autor desconhecido, O Homem na Caixa possui um visual muito bonito. A animação com traços e movimentos fluidos é valorizada pelo roteiro dotado de várias camadas, por meio do qual conhecemos o protagonista. Dublado por Othon Bastos, o homem era um mágico famoso, casado com sua assistente de palco, isso antes dos ciúmes propiciarem a danação. Ele acaba matando uma jovem numa caxa que supostamente deveria estar vazia. Os diretores Ale Borges, Alvaro Furloni e Guilherme Gehr promovem uma interseção simbólica entre os receptáculos. A começar, justamente, pelo local em que o ex-famoso cumpre pena, do qual não consegue escapar sem a ajuda de alguém que frequentemente lhe fornece utensílios em troca de metade de suas posses. O Homem na Caixa não camufla sua inclinação a um final triste, afinal de contas a melancolia, muito bem carregada pela trilha sonora, é um elemento praticamente onipresente no curta-metragem. Embora o desfecho seja um tanto previsível, pois o sucesso do plano derradeiro de escape depende única e exclusivamente de uma peça que, logo desencaixada, traz consigo a tragédia, o filme é um belíssimo exemplo da qualidade da animação brasileira, que deve nada, tanto no que tange ao desenvolvimento quanto à articulação dos elementos disponíveis, às premiadas produções estrangeiras. Não à toa foi eleito o melhor brasileiro do festival de animação mais importante da América Latina.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.