MIX BRASIL (15 a 25 de novembro) – Júri oficial
Em meio a conversas banais com uma amiga que cuida da reforma de seu novo apartamento, o protagonista de Reforma manifesta veemente insatisfação com seu corpo. Ele chega a se dizer deprimido por considerar-se gordo. Todavia, as relações sexuais com alguns parceiros ocasionais, ou seja, o visível sucesso na seara da conquista desdiz os medos do homem. É justamente nessa relação que mora a observação perspicaz do cineasta Fábio Leal, direcionada justamente aos mecanismos que fomentam a construção de uma idealização a ser combatida. O sujeito coloca na conta de não possuir um físico exatamente alinhado às preconcepções sociais de beleza, de não ser sarado e/ou apolíneo, o fato de seu suposto insucesso amoroso. Os companheiros ocasionais não ligam no outro dia, rebate a amiga-da-onça sempre que ele profere algum discurso mais afiado de aceitação. Não há a vontade de mostrar certos e errados, mas de expor uma estrutura social repleta de vícios e frestas pelas quais a opressão acaba se imiscuindo. Os dilemas existenciais são de outra ordem, não exatamente ligadas ao corpo. Aceitar-se, gozar plenamente das possibilidades do próprio físico, sem valorizar demasiadamente a opinião alheia, é um caminho difícil, porém necessário. Alternando conversas sintomáticas e cenas de intimidade singelas, Reforma logra êxito pela simplicidade com que trata de temas complexos, não buscando tachar, mas fazer perguntas vitais.
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