FANTASPOA (18 de maio a 3 de junho) – Júri oficial
Selecionado para diversos festivais, tanto brasileiros quanto internacionais, Rosalita confirma o excelente momento da produção nacional de filmes de horror. Com direção de arte e maquiagem excepcionais, o filme conta fragmentariamente a história de um homem que tortura mulheres enquanto é assombrado por monstros que remontam, provavelmente, à sua relação tortuosa com a mãe. Aliás, o protagonista mantém o cadáver em avançado estado de putrefação de sua genitora no leito onde, eventualmente, coloca vítimas antes de estripa-las. A atmosfera de inquietude e temor é sublinhada pelo ótimo desenho sonoro, instância encarregada de potencializar a sensação de brutalidade que as imagens tão bem transmitem. Parte de uma trilogia, Rosalita, sequência do elogiado e premiado Cabrito, não é um curta-metragem que encerra tal universo, pelo contrário, pois oferece, em meio a um transcorrer estilhaçado, algo que permanece indeterminado e misterioso. Visto isoladamente, não dá respostas suficientes, o que não chega a ser um problema, visto que sua potência está exatamente no impacto das imagens e dos sons aterradores. Samir Hauaji demonstra uma concepção, principalmente física, impressionante, criando um tipo bastante perturbado psicologicamente que expressa através do corpo essa confusão proveniente da patologia e/ou do trauma. Com uma fotografia que ressalta a sujeira do entorno, as paredes encardidas e as vísceras dispostas pelo chão da casa aparentemente tão em decomposição quanto o cadáver no leito do protagonista, o filme é pungente na sua demonstração do asqueroso e repulsivo.