Marie, curta-metragem escrito e dirigido por Léo Tabosa, fala com sensibilidade do acesso às rememorações a partir de novas realidades, estas oferecidas pela morte e pelo renascimento numa reconfiguração física. A protagonista deixa espaço às memórias virem à tona diante da casca vazia que em breve deve ser sepultada. Alcina (Divina Valéria) se refere a ela como ele, ignorando o visual, guiando-se por vivências passadas, quando Mário era o favorito do amigo sem vida e estirado na cama sem direito ao ar. É bonito esse momento em que a câmera, impávida, observa o cadáver de ponta cabeça e as duas mulheres, não por acaso ambas transexuais na realidade, conversam sobre o antes compartilhado, os pesares levemente arrefecidos em virtude do passamento do sujeito que interliga suas vivências e tudo que as aflige naquele átimo (…) A belíssima fotografia a cargo de Petrus Cariry reforça a sensação de elo fundamental com a paisagem, algo que igualmente poderia ser mais bem desenvolvido com outro tempo à disposição. Todavia, ainda assim a narrativa oferece subsídios suficientes à instauração de situações bastante instigantes e belas”.

:: Confira na íntegra a crítica de Marcelo Müller ::

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.