“Quais são os símbolos que representam o bem e o mal? Quem os define como maléficos ou abençoados? Aqui, a figura retratada é o bode de estimação de uma jovem feirante que trabalha com ervas medicinais e curas oriundas de religiões afro-brasileiras. Seu vizinho comercial é um antiquado homem que abomina o animal e o correlaciona com entidades demoníacas – preconceito popular no norte do Brasil. Sob direção consistente, pois não arrasta ou explica em demasiado, O Balido Interno nos faz questionar o real perigo daquilo que cremos (…) De forma progressiva, as tensões vão sendo criadas e o mergulho do espectador se faz presente diante dos fatos. Seria possível um bode atrair mau agouro? Essa inquietação é representada com trocas de olhares entre o homem e o animal. Apesar do bicho jamais produzir alguma perturbação, ele significa o perigo eminente para aqueles que quiserem crer no maléfico – e esse é o grande trunfo do diretor Eder Deó na composição de suas reflexões antes de lançá-las ao público. Atitudes devem ser tomadas, tanto para quem ataca, quanto para quem defende. A energia emanada pela atriz Glissia Paixão confirma seu espaço e não hesita em protegê-lo. Já a impetuosidade de Luciano Torres, personificando o caçador de bruxas moderno, reforça os antagonismos”.
:: Confira na íntegra a crítica de Victor Hugo Furtado ::
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