“Por mais tentador que seja determinar o limite entre a ficção e o documentário, entre o controle e a espontaneidade, Sete Anos em Maio fascina justamente por esta zona intermediária na qual o espectador é convidado incessantemente a atribuir suas próprias leituras. O filme solicita um olhar ativo e empático, visto que a história deveria bastar por si só em suscitar indignação, tenha ela acontecido na vida ou não, do modo contado por Rafael ou em qualquer configuração análoga. Uchôa cria um dispositivo em que a narrativa se torna primeiro apenas imagem, sem explicações, e depois apenas explicações, sem as imagens equivalentes, cabendo ao público aproximá-los por meio de sua montagem mental. Se empregasse apenas um dos dois recursos, talvez fosse insuficiente (somente a reconstituição dos fatos, ou o depoimento), mas a junção de ambos provoca uma frutífera faísca na junção entre o áudio e o visual (…) A morte de jovens de periferia é transformada numa espécie de jogo – mais uma vez, combina-se a gravidade dos assassinatos com a ludicidade da brincadeira. Uchôa nunca deixa de observar este episódio e seus personagens com uma afetividade ímpar. O filme comprova o imenso talento do diretor para a união entre humanismo e pesquisa de linguagem”.
:: Confira na íntegra a crítica de Bruno Carmelo ::
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