“Um dos aspectos mais interessantes do febril Negrum3 se encontra na maneira como os gêneros, subgêneros e linguagens do cinema (o trash, o caseiro, a performance, a ficção científica, o musical) encontram as múltiplas identidades de gêneros e orientações sexuais. Para retratar indivíduos marginalizados, o diretor Diego Paulino busca formas igualmente marginalizadas dentro do cinema. Enquanto a maior parte dos filmes clássicos (sejam eles longas ou curtas-metragens) busca aparar arestas para atingir certa forma de refinamento, este privilegia justamente as arestas, fazendo das dissonâncias a sua força. Além do discurso de afirmação entoado pelos personagens, as próprias imagens constituem um gesto político de relevância notável (…) O documentário nunca se alterna com a performance, eles coexistem em graus distintos de performatividade e/ou intervenção no meio ao redor – vide as excelentes viagens pelo metrô ou os fragmentos de jovens negros e negras olhando diretamente para a câmera. Estes olhares se traduzem tanto enquanto interpelação (pela responsabilidade histórica branca na marginalidade negra) quanto em sinal de identificação: somos convidados a observar cada um destes rostos anônimos de igual para igual, em forma de equivalência do olhar”.
:: Confira na íntegra a crítica de Bruno Carmelo ::
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