Top Top :: 05 motivos para ir aos cinemas conferir Homens de Barro

Publicado por
Marcelo Müller

Homens de Barro (2025) chegou no dia 06 de fevereiro aos cinemas de Porto Alegre e, uma semana depois, ou seja, no dia 13, às telonas do restante do Brasil. Trata-se de uma coprodução Brasil/Argentina dirigida por Angelisa Stein e codirigida por Fernando Musa. A trama se passa em meio a uma velha rivalidade entre famílias. Pássaro e Ângelo vivem um amor proibido, desafiando a culpa e seus próprios medos para viver um grande romance e moldar o próprio destino longe das pessoas que os querem separados.

Destacando sempre a importância de assistir aos filmes brasileiros nas suas primeiras semanas em cartaz, fizemos esse Top Top com cinco (de muitos) motivos para você correr ao cinema mais próximo a fim de conferir Homens de Barro.

1. ROMEU E JULIETA LGBTQIAPN+

Na segunda metade do filme, temos um romance proibido entre filhos de famílias inimigas. Imediatamente essa premissa nos remete a Romeu e Julieta, uma das mais célebres peças de William Shakespere, para muitos a maior tragédia romântica de todos os tempos. E o mais interessante da alusão nesse longa-metragem que está em cartaz nos cinemas é o fato de que os patriarcas (que começaram a briga) não estão mais presentes, ou seja, seus filhos nem tem a influência deles para continuar a animosidade. E mesmo assim continuam. O romance homossexual surge como um raio de sol em meio a nuvens de chuva, combatendo o ódio transmitido como uma herança nociva.

2. ROTEIRO ARGENTINO

É comum ouvir/ler por aí que os roteiros brasileiros estão anos-luz de distância dos argentinos. A realidade não é assim, afinal de contas temos grandes roteiristas por aqui e um cenário com talentos promissores capazes de continuar uma longa tradição brasileira de bons autores. De todo modo, essa lorota dita insistentemente tem ao menos um elemento verdadeiro: a escola de roteiros argentina é excepcional. E Homens de Barro é assinado por Gonzalo Heredia e Fernando Musa – este também codiretor do filme. Portanto, justo esperar uma consistente construção de personagens, situações em que os silêncios e as sutilezas falam mais do que todas as palavras.

3. ELENCO

Homens de Barro não tem atores conhecidos do grande público em seu elenco. Mas isso não é nenhum demérito, neste caso, pelo contrário, pois há espaço para novos nomes despontarem a cena audiovisual. Gui Mallmann, Mariana Catalane, Bruno Fernandes, Pedro Krieger, João Pedro Prates, Rafael Guerra, Artur Gaudenzi, Nestor Monasterio, Cassiano Ranzolin, Miguel Almeida, Sophia Pitarch Stein, Gabriela Greco e Weslley Dias são alguns dos destaques. Preste atenção, pois apostamos que alguns deles certamente estarão em outras produções num futuro próximo. Inclusive, conversamos com Gui Mallmann e João Pedro Prates. O resultado você confere abaixo.

4. O TEMA: QUEBRANDO O CICLO DE VIOLÊNCIA

Além do amor LGBTQIAPN+ numa trama marcada por tensões, Homens de Barro, quando visto de maneira abrangente, revela que está falando a respeito de ciclos intermináveis e facilmente renováveis de agressividade. Os protagonistas testemunharam desde a infância seus pais brigando por conta de uma rivalidade comercial sem muito cabimento – as olarias de ambos eram negócios frágeis. E como eles conseguirão escapar dos efeitos do círculo vicioso ao se tornarem adultos? Como eles terão a oportunidade de ser pessoas melhores após aprenderem que revidar com brutalidade desproporcional é “coisa de homem”? Como se desvencilhar da lição de masculinidade tóxica?

5. A DIRETORA ESTREANTE, MAS EXPERIENTE

O longa-metragem é dirigido por Angelisa Stein. Trata-se da sua estreia como realizadora, após produzir títulos como Billi Pig (2012) e Zama (2017). Além de cineasta e produtora, ela é advogada e autora do livro Coprodução Cinematográfica Internacional – Como, quando, onde e porque Coproduzir com Outros Países. Já na sua estreia, a experiente profissional do audiovisual chama a atenção pela sensibilidade na condução dos temas espinhosos e, principalmente, pela aposta na inteligência do espectador. Angelisa cria imagens significativas e dá espaço para os atores construírem seus personagens de tal forma multifacetada que é possível perceber várias contradições e crises, mesmo nos indicativos silêncios e nas hesitações.
Confira abaixo a edição especial sobre o filme do nosso Podcast que contou com Angelisa Stein.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.