Top Top :: 05 motivos para ir aos cinemas conferir Sempre Garotas

Publicado por
Marcelo Müller

Sempre Garotas acontece num internato no Himalaia. Nele, a jovem Mira é exemplo de disciplina e responsabilidade. Porém, seu mundo é abalado com a chegada de Sri, novo aluno da turma por quem se apaixona. Mas Sri também desperta o interesse da sogra, Anila, mãe jovem e extrovertida com quem Mira não consegue se entender.

Sempre Garotas (2024) chega aos cinemas do Brasil no dia 1º de maio pela distribuidora Filmes do Estação. Comandado pela diretora Shuchi Talati, ele é estrelado por Preeti Panigrahi, Kani Kusruti, Kesav Binoy Kiron, Kajol Chugh, Nandini Verma, Devika Shahani, Akash Pramanik, Aman Desai e Sumit Sharm. Confira abaixo cinco (de vários) motivos para não perder esse ótimo filme nas telonas.

1. TRAMA DE AMADURECIMENTO

Sempre Garotas é um típico filme estilo coming of age, como são frequentemente chamados os exemplares que contam histórias de adolescentes lidando com essa fase tão complexa da vida. A protagonista não é criança, mas também não é adulta, o que cria uma tensão entre suas liberdades e responsabilidades. Mira é uma menina descobrindo o amor e o sexo enquanto se rebela contra a figura extrovertida da mãe. Externamente, a garota é um exemplo de disciplina ao ponto de derrubar a tradição de garotos como representantes de classe (uma posição de prestígio na comunidade escolar). Internamente, ela pretende dar vasão à curiosidade sexual e reivindicar a sua autonomia.

2. O ELENCO

Um dos principais trunfos para Sempre Garotas ser um drama de muita sensibilidade é o trabalho excepcional do elenco, principalmente os da iniciante Preeti Panigrahi (intérprete de Mira) e da experiente Kani Kusruti (que dá vida à mãe Anila). É nos gestos e olhares da jovem atriz que temos traduzidos os principais elementos do discurso do longa-metragem. Apesar da pouca bagagem, Preeti demonstra uma segurança cênica impressionante, transitando entre estados de espírito muito íntimos e sensações nem sempre externadas. Já Kani faz com a colega uma dupla afinadíssima, pois oferece com a sua composição dessa mãe uma figura ao mesmo tempo antagonista e porto seguro.

3. PREMIADO EM SUNDANCE

Sempre Garotas chega ao Brasil com a importante chancela do Festival de Sundance, um dos mais importantes em solo norte-americano que trata do cinema independente. A produção foi premiada como Melhor Filme (Júri Popular) e Troféu Especial do Júri na edição 2024 do Festival de Sundance, sendo também homenageada/premiada/indicada no Festival de Berlim 2024, no Gotham Awards 2024 e no Independent Spirit Awards 2025, do qual saiu com o Troféu John Cassavetes. Claro que prêmios não significam de cara que um filme é bom, até porque júris se equivocam constantemente. Mas neste caso os que celebraram o filme indiano estão cobertos de razão e sensibilidade.

Sempre Garotas

4. OLHAR FEMININO

Há em Sempre Garotas um forte componente de gênero. Dirigido por uma mulher, a talentosíssima Shuchi Talati, ele é focado em experiências femininas numa sociedade ainda muito orientada por preceitos machistas. E isso fica evidente no comportamento permissivo de professores e demais autoridades escolares quando um bando de meninos escrotos assedia suas colegas, chegando a fazer fotos inapropriadas enquanto elas sobem (de saia) uma escada. O filme deixa muito claro que essa permissividade das figuras de referência é fruto de uma cultura muito enraizada, na qual as mulheres precisam lutar o tripo para ter resguardados os seus direitos básicos, inclusive ao próprio desejo.

5. PRESTIGIAR O CINEMA INDIANO

Quando o assunto é cinema indiano, logo pensamos naquelas superproduções gigantescas recheadas de melodrama e música. Obras mastodônticas que sustentam uma das maiores e mais autossustentáveis indústrias cinematográficas do mundo, mas que representam apenas a parte mais comercialmente bem-sucedida desse universo amplo. Depois do lançamento por aqui de Tudo que Imaginamos como Luz (2024), em novembro de 2024, agora Sempre Garotas chega às telonas para confirmar uma tendência de valorização internacional dessa outra vertente da cinematografia indiana. Não à toa, dois filmes dirigidos por mulheres e que tocam em questões essenciais de gênero.

SIGA O PAPO NAS REDES
Tik Tok | Instagram | Facebook
Letterboxd | Threads | BlueSky | Canal Whatsapp

Que tal conferir o nosso canal do YouTube

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.