Na 63a. edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim o cinema brasileiro confirma uma tendência já percebida em anos anteriores de sub-representação no evento cinematográfico mais político do Velho Continente. Na Mostra Competitiva, em que se dá a corrida pelos Ursos de Ouro e de Prata, o Brasil esteve presente pela última vez no ano de 2008, quando o primeiro Tropa de Elite (2007) arrematou o prêmio principal.
Na época, O presidente do Júri era o diretor Costa-Gravas, conhecido amante da produção latino-americana. Na ocasião, ele se declarou admirador do caráter politizado exibido no filme com direção de José Padilha. Desde então, no entanto, temos passados desapercebidos na mostra de maior prestígio do Berlinale. Como em 2012, por exemplo, quando Tabu, do português Miguel Gomes, contava com a brasileira Gullane Filmes como co-produtora e com o ator catarinense Ivo Müller em um dos papeis principais. E isso foi tudo.
Mostra Panorama
A segunda mostra mais importante em Berlim é tradicionalmente o reduto do cinema brasileiro. Isso de deve ao fato do diretor Wieland Speck ser assíduo frequentador dos festivais no país. O que se mostra efetivamente ausente nesse ano é a falta da produção pernambucana, que se firmou no cenário nacional ao longo de 2012, além de ter conquistado vários prêmios internacionais, concedidos especialmente ao aclamado O Som ao Redor (2012), do diretor e critico de cinema Kleber Mendonça Filho.
Longas que são sucesso de bilheteria, como 2 Filhos de Francisco (2005), Gonzaga: De Pai Pra Filho (2012) e o recente De Pernas Pro Ar 2 (2012) mostram que filmes de temáticas que resgatam a memória nacional até fortalecem o mercado interno, mas não funcionam no exterior e muito menos num festival como o de Berlim. Para resgatar o potencial competitivo no exterior o cinema brasileiro carece de uma mudança de paradigma na estrutura de subvenção de projetos em território local.
A passagem do Brasil por Berlim em 2013 se restringe ao novo trabalho de Bruno Barreto, Flores Raras, que conta com a australiana Miranda Otto e a nossa Gloria Pires nos papéis principais. Anteriormente havia sido divulgada a presença da atriz brasileira na capital alemã, o que de fato acabou não se confirmando – com certeza, devido às intensas gravações da novela global Guerra dos Sexos, atualmente em exibição.
Coproduções
O filme Habi, la extranjera (2013, abaixo), uma coprodução entre Brasil e Argentina com direção de Maria Florencia Alvarez, tem participação de Maria Luísa Mendonça, que ratifica mais uma vez o protótipo de personagens ultimamente escolhidos pela atriz. Nesse filme, no entanto, ela está aquém de suas possibilidades artísticas.
Abertura
Com tudo pronto para a abertura da Berlinale hoje, às 19 horas (16 horas no horário de Brasília), a neve deixou a capital alemã, enquanto que cinéfilos de todos os cantos do planeta adentram os apertados corredores do Hotel Hyatt, onde fica o centro de imprensa do festival. No mais tardar após o prefeito de Berlim declarar oficialmente aberto o festival, cinéfilos enlouquecidos tomarão posse de Berlim durante 10 dias.
A melhor pedida desse ano é a mostra Retrospectiva, que foi ampliada com a rubrica Berlinale Classics, o que implica a exibição de filmes totalmente restaurados em imagem e som. As delícias cinematográficas são: Cabaret (1972), de Bob Fosse, Disque M Para Matar (1954), de Alfred Hitchcock, Sindicato dos Ladrões (1954), de Elia Kazan, e Viagem à Tóquio (1953), de Yasujirô Ozu.
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