Quando recebi o convite da revista Marie Claire para uma exibição fechada da estreia como diretora e roteirista de Angelina Jolie com In the land of Blood and Honey, não hesitei por um segundo! É claro que a resposta foi SIM! E não tomei a decisão errada, pois o filme e o evento foram um sucesso absoluto.
A noite começou cedo, por volta das seis horas, na torre da editora Hearst, em Nova York. O tom era de curiosidade. Os convidados queriam ver Angelina de perto e ter a oportunidade de ouvi-la falar sobre seu trabalho. O filme em questão vai chegar aos cinemas em lançamento nacional apenas no ano que vem, porém tem estreia limitada ainda em 2011, e chega rodeado de controvérsias. Um autor da Bósnia diz que Jolie roubou sua história e que um dos produtores associados teria tirado proveito de reuniões com ele para então formar a aliança com a estrela hollywoodiana.
Se esse boato tem fundamento ou não, na verdade, não tem a menor importância. Angelina Jolie era a pessoa certa pra contar essa história. Ela tirou de seus anos como embaixadora da ONU e da convivência com pessoas em campos de refugiados ao redor do planeta a experiência necessária para escrever essa trama, que é uma das obras mais impactantes sobre a guerra que já assisti em minha vida. In the land of Blood and Honey coloca o expectador no lugar dos bósnios, sem escolher um ou outro lado da batalha. Ele nos coloca nos dois, e faz com que passemos pelas mesmas experiências que aquelas pessoas enfrentaram durante o conflito. Afinal, todos os lados sofrem em uma guerra.
Antes do filme começar, Angelina subiu ao palco da sala de exibição para fazer um apelo: “nas próximas duas horas vocês irão se sentir incomodados, vão querer que a projeção pare e desejarão ir embora, mas essas pessoas, os atores desse filme, tiveram que viver essas coisas por três anos, sem poder ir embora, então, por favor, fiquem“. Todos obedeceram, e pelo que se via na sala depois da sessão, não se arrependeram.
Os convidados permaneceram sentados até que os créditos terminassem, esperando que o elenco entrasse então na sala para tomar lugar no palco. Angelina no centro e Joanna Coles, editora chefe da revista Marie Claire americana, no canto, disparando perguntas pra diretora e também pro elenco. As questões partiram também da plateia, que estava curiosa e agradecida. Duas convidadas que viveram na Bósnia durante a guerra levantaram o braço para expressar sua gratidão à diretora por ter feito um longa tão realista e que mostrava tão perfeitamente aquilo que elas viveram durante aqueles três anos de horror. Agradeceram à Angelina por dar voz à todos os lados da batalha e a uma população que permanece ferida até hoje.
Era emocionante ouvir os atores contando suas experiências no set e fora dele, além de suas lembranças dos dias de guerra. Foi particularmente belo ver o ator Rade Serbedzija descrever sua trajetória ao construir o personagem do General Nebojsa: “conheci muitas dessas pessoas, desses homens, que quando tiveram a oportunidade de assumir o poder o agarraram com todas as forças. Eles eram meus amigos e vizinhos, e vi como alguém que você conhece desde a escola pode mudar e se tornar um inimigo durante a guerra. É impactante ver o que a guerra faz com as pessoas”.
No final da sessão de perguntas e respostas com o elenco, tive meus dez minutos com Jolie e fiquei impressionado: ela é realmente tudo aquilo que imaginamos! Uma mulher linda, mas cheia de camadas, e cada faceta de Jolie é perfeita e brilhante. Ela é uma mulher que não aceita resultados medianos, que quer o melhor possível e que nesse filme nos entrega o melhor do impossível.