casa1A minha procura por um documentário independente para esta coluna proporcionou uma agradável surpresa. Um colega indicou assistir Casa da Esquina 23 (2008), um registro da gravação do segundo álbum da banda porto-alegrense Pública. Antes de conferir o trabalho da produtora gaúcha Baxada Nacional Filmes conversei com um dos dois diretores, Filipe Barros. Gentilmente ele trouxe o DVD e suas idéias. Explicou como se deu o processo de filmagem da realização do álbum, descartando de cara não se tratar de nada na onda dos Reality Shows, “Não queríamos brincar de Big Brother, cara, nada de invasão”. Comentou também a liberdade de criação por parte da banda, “eles viram o filme pronto”. E defendeu uma opinião que pode ser polêmica: “trabalhar com documentário é mais difícil, exige mais reflexão, exige um aprofundamento de linguagem”.

De fato, caríssimo Filipe, no documentário o papo é outro. Mas vamos ao filme.

casa2A banda se reuniu 11 dias num sítio em Três Coroas. Aos poucos vamos conhecendo seus integrantes, suas motivações para serem músicos, para tocarem, suas histórias pessoais com algumas músicas, apresentadas uma a uma. Quando parece que o filme vai se tornar repetitivo, lá pela terceira ou quarta música, vemos imagens da natureza, ou coisas de rotina de um estúdio, o cão Maradona (um pastor alemão) buscando atenção, latindo e interferindo na concentração da gravação. Começa a criar uma espécie de elo entre espectador e filme. E também bem vindas sacadas de edição, assim como as músicas apresentadas em diferentes estágios. Mixadas, gravações individuais dos integrantes, de instrumentos, das trocas de idéias para mudanças e as contribuições do co-produtor do disco Marcelo Fruet.  Tudo explicado com consistência, dentro de um estilo didático, acessível, com fotografia muito equilibrada de Eduardo “Baiano” Rosa. Um momento marcante acontece na canção Casa Abandonada: a presença de metais cria vigor e ritmo contagiantes.

Em outro momento o vocalista Pedro proclama “que a Pública não vai se render ao aspecto comercial”. O filme foi criado para uma venda casada de Disco e DVD. Pensando, logicamente, no público da banda e nos músicos em geral. Na modesta opinião do colunista, pode mais. Vamos apostar?

Casa da Esquina 23, primeiro longa-metragem produzido pela Baxada Nacional Filmes. Dirigido por Fabrício Cantanhede e Filipe Barros, tem previsão de lançamento para o Novembro de 2008 e duração aproximada de 70 minutos.

Confira o trailer:

httpvhd://www.youtube.com/watch?v=BA33l4C-OYE

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é diretor de cena e roteirista. Graduado em Publicidade e Propaganda com especialização em Cinema (Unisinos /RS). Dirige para o mercado gaúcho há 20 anos. Produz publicidade, reportagem, documentário e ficção. No cinema é um realizador atuante. Dirigiu e roteirizou os documentários Papão de 54 e Mais uma Canção. E também dois curtas-metragens: Gildíssima e Rito Sumário. Seus filmes foram exibidos em vários festivais de cinema e na televisão. Foi diretor de cena nas produtora Estação Elétrica e Cubo Filmes. Atualmente é sócio-diretor na Prosa Filmes.
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